Michelle e Gisele Batista: gêmeas unidas contra o machismo
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Abusos físicos e psicológicos, relações tóxicas, aborto. Duas mulheres e muitas personagens. Muita coisa em co mum. Muita mesmo. Para começar, elas são idênticas e ambas se definem apaixonadas pela arte.
E é através dela que as atrizes e irmãs gêmeas Michelle e Giselle Batista, 34 anos, vêm discutindo assuntos espinhosos, mas necessários para a evolução feminina na sociedade. Agora, elas estão unidas, na arte, contra o machismo.
“A sociedade não é igual para todos, infelizmente. Já tivemos de nos privar por castrações sociais. Ainda temos muito preconceito de gênero, de raça, de orientação espiritual. Seguimos na batalha por uma sociedade mais justa”, defende Giselle.
Michelle concorda com a irmã: “Porque temos um machismo estrutural na nossa sociedade que faz com que os homens tratem as mulheres como propriedade, muitas vezes”.
Porém, ela é otimista. “Mudanças culturais são muito lentas, mas acredito no poder de melhora em relação a isso nas novas gerações, que agora estão discutindo mais, o que colabora para a desconstrução de falas e ações opressoras”, ressalta.
Para Giselle, é importante não desistir. “Acredito, sim, que podemos construir uma sociedade diferente para as próximas gerações. Não vai ser rápido e nem fácil. Mas é nessa direção que eu caminho. Um dia de cada vez”.
Quando o assunto é empoderar as mulheres através da leitura, ambas recorrem à Maya Angelou, pseudônimo de Marguerite Ann Johnson, poetisa, cantora e ativista negra norte-americana.
“Uma leitura recente que fiz e me tocou profundamente foi 'Mamãe & Eu & Mamãe'”, começa Giselle, lembrando uma das obras da mulher que escreveu sete autobiografias, foi indicada ao prêmio Pulitzer e ao Grammy.
Michelle ainda aproveitou para deixar uma frase inspiradora da poeta. “'Toda vez que uma mulher se defende, sem nem perceber que isso é possível, sem qualquer pretensão, ela defende todas as mulheres'”, citou.
ENTREVISTA | Michelle Batista, atriz “É ultrapassado”
Michelle Batista - Acredito que possa incentivar mulheres a denunciar essas violências, que elas possam ver que não estão sozinhas. E, principalmente, que a culpa nunca é da vítima. É muito especial, para mim, ver que a arte tem o poder de sensibilizar as pessoas e trazer reflexão.
O machismo pode ser mudado?
Podemos evoluir muito nisso sim, mas mudanças culturais são processos lentos. Se cada um ajudar no seu círculo de amigos e parentes, já melhora.
No seu canal do YouTube, debate temáticas assim. Qual a importância da internet?
O meu canal com a Giselle tem de tudo. Desde temas sérios e polêmicos até assuntos bem descontraídos que vemos muito na internet, como memes, piadas. Acredito que ninguém seja uma coisa só, e eu me permito experimentar, sem julgamento, todas elas.
Na série “Matchs”, há um mundo muito ligado aos aplicativos. Por que acha que as pessoas recorrem a esses meios?
Estamos imersos no mundo digital, não há como negar a importância dele. Claro que isso afeta a maneira como as pessoas se relacionam.
Achar que aplicativo de relacionamento é coisa para quem não consegue se relacionar na vida é um pensamento ultrapassado. Encontros incríveis podem ser gerados pela internet, basta saber usar com segurança e responsabilidade.
ENTREVISTA | Giselle Batista, atriz “Eu me sinto livre”
Giselle Batista - Esse é um entre tantos assuntos que a série toca. Meu desejo é que todas as mulheres tenham acesso aos cuidados médicos e psicológicos sempre que precisarem. Descriminalizar. Mas respeito totalmente o casal que, por sua orientação espiritual, não cogita essa possibilidade. É uma decisão pessoal.
Quais mensagens sua personagem passa ao público?
A Natasha fala sobre liberdade, acima de tudo. Independência. Acho ela muito esclarecida e cheia de atitude. Uma mulher do seu tempo e que tem capacidade de inspirar outras.
Como se sente quando uma mulher é machista?
Tenho empatia por todas as mulheres que, em algum momento, reproduzem alguma fala ou atitude machista. Não estou aqui para apontar ninguém, embora discorde de falas opressoras, vindas de homem ou mulher.
Estamos aprendendo juntas. Aprendo todo dia com mulheres guerreiras que tenho ao lado e sou grata pelo amor e pela sororidade delas.
Para o ator, deve ser natural mostrar o corpo, certo? Como lida com isso?
Para mim, o corpo é meu instrumento de trabalho, me sinto livre para usá-lo e contar boas histórias.
Como sou livre para escolher não expor, caso não julgue necessário. A escolha é minha.
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