Luan Santana: “Muitas famílias foram resgatadas na quarentena”
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Álbuns com retratos do passado. Comida boa, com tempero de vó. Risadas entre primos até altas horas. E aquele tio fanfarrão, que roubava a cena com seus “causos” enquanto todos se reuniam em torno da mesa?
Momentos que, com a pandemia, voltaram a ter lugar de destaque. Alguns presencialmente, outros na lembrança. “Muitas famílias foram resgatadas na quarentena. Filhos que reclamavam da ausência dos pais pelo trabalho ou até mesmo por conta da tecnologia”, acredita Luan Santana.
Melhor dizendo: o cantor e compositor de 29 anos não só crê nessa união como acaba de lançar o projeto “Confraternização da Família Santana”, em um tributo às famílias, aos encontros felizes. A novidade, que virá em três EPs e, futuramente, em um CD, nasceu em dezembro do ano passado no Paraná.
“A pandemia veio para unir ainda mais as pessoas e mostrar que a vida é única e que só o amor salva. Como falo em uma das músicas: 'estou com saudade de um amor que não se digita'”, diz ao AT2.
“Engraçado que a gente nem sabia disso em maio de 2019, quando gravei o DVD 'Viva', que falava muito isso”.
ENTREVISTA | Luan Santana, cantor e compositor “Costumo dizer que sou um jovem 'véio'"
AT2 Conta mais sobre a “Confraternização Família Santana”?
Luan Santana - Todo final de ano, a gente se junta, em meus raros momentos de folga. Então, convidei alguns de meus músicos, moradores da região de Londrina, para tocar e jogar conversa fora ao lado de minha família, engatando um repertório só de modão.
Gui Dalzoto registrou tudo e colocou máquina e celular nas mãos da minha família. Como ele disse, “foi um registro muito humano”.
É a trilha sonora da família?
Dizem que coincidências não existem, já que o universo conspira pelas conjunções felizes. Estou resgatando músicas que embalam a trilha sonora da minha família, trocando experiência com meu público. Lancei o primeiro EP no último dia 27. Foi coincidência mostrar esse encontro na roça agora, em plena fase de distanciamento social. E pensar que foi feito de forma casual, mostrando como é bom ficar em casa com a família.
É o Luan fora dos palcos?
Sim. Essas reuniões familiares acontecem todo ano, desde que eu era bem pequeno. Sempre escutamos os clássicos sertanejos e esses modões, como “Aparências”, que não é sertanejo, mas é um clássico romântico que meu pai gosta muito. É do Márcio Greick.
Momentos como esse fazem parte das minhas raízes. É minha essência. “Confraternização Família Santana” é remissão às nostálgicas etiquetinhas que identificavam gravações caseiras da saudosa fita cassete, que tive a chance de conhecer graças ao meu pai, que gravou meus primeiros registros.
O projeto tem 17 canções, distribuídas em três EPs. Como selecionou o repertório?
São músicas que fazem parte da trilha sonora da minha vida e da minha família. A gente cantou ali naturalmente. Para a seleção do repertório, claro, consultei amigos e envolvi a minha equipe para ir atrás dos registros legais.
São canções como “Minha Estrela Perdida”, de César Augusto e Piska; “Foi Covardia”, de Bruno, Felipe e Vinicius, e “Um Homem Apaixonado”, de Lucimar. E a moda segue com pout-pourri de “A Noite do Nosso Amor” e “Noite Maravilhosa”, “É Minha Vida”, de Zezé Di Camargo...
Você nasceu nos anos 1990. Época em que a fita cassete saía de cena e chegavam os CDs. Hoje, são plataformas digitais. De qual mundo gosta mais?
Indiscutivelmente, do físico. Pegar um CD, uma fita cassete nas mãos... E o LP, redondo como o mundo e, em cada giro, cada volta, o som saindo e sendo emitido, ecoado... Cara, costumo dizer que sou um jovem “véio”!
O que lembra daquela época?
Lembro do meu pai escolhendo as fitas e as músicas que íamos escutar. Sempre virando o lado da fita. E tem aquela fita que saía do rolo e a gente pegava uma caneta pra colocar de volta! (Risos). Ou colocava o dedo mindinho e rodava! Meu pai deu meu primeiro violão quando eu tinha três anos e cantei “Muda de Vida”, de Zezé Di Camargo e Luciano.
E o grupo de família no WhatsApp? Faz parte e não fala nada? Ou gosta de um debate?
Sou bem interativo em todos os grupos. Mando aqueles memes, umas figurinhas engraçadas, piadas (Risos) Me divirto! Leio tudo.
Acha que, quando a Terra voltar a girar no seu ritmo, seguiremos de onde paramos?
Não. Acredito que buscaremos dias melhores sempre. Acredito na mudança do ser humano, na evolução da espécie. A pandemia veio para nos mostrar que estávamos todos errados. Correndo muito em busca de alguma coisa e nos distanciando, cada vez mais, de quem amamos e dos valores.
Ressignificação é a palavra de ordem da vez. Nos últimos meses, passou sua vida a limpo?
Sim. Precisamos dar um novo sentido a tudo. Transformar dias ruins em dias bons e ver sempre o lado positivo. Sou assim. Colocar um novo filtro no que já existia. É o que anuncia o novo normal.
Tem novos projetos por aí?
Sim. Dia 26, vou fazer show de 4 horas com Giulia Be e Luísa Sonza. Será bem romântico, com um conceito bem diferente de tudo o que você já viu com elas. Vai marcar a história da música. Será transmitido nas minhas redes sociais.
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