"É importante manter os desejos", diz atriz Mel Lisboa
Em entrevista exclusiva ao AT2, a atriz Mel Lisboa diz que é movida por conquistas e sonhos, e alerta sobre os perigos de ser uma pessoa ambiciosa
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Aos 40 anos, Mel Lisboa faz do desejo a sua força motriz. Para 2023, a atriz tem como metas o retorno de corpo e alma ao teatro e a volta à faculdade para finalizar o curso de Letras - Tradução, que ela precisou trancar para viver sua primeira grande vilã na TV.
“É importante a gente manter os desejos. É isso que nos move, que nos faz seguir em frente. Almejar coisas, ter planos, querer concluir objetivos é sempre muito saudável. Muitas coisas boas aconteceram ao longo da minha vida, mas sempre vou querer
novos desafios e conquistas”, conta a artista, que, em entrevista por telefone, mostra que não é doce apenas no nome.
Simpática o tempo todo, ela lembra dos malabarismos que precisou fazer no último ano para voltar à Globo, após 15 anos longe da emissora. Mãe de Bernardo, 14, e Clarice, 10, frutos de seu relacionamento com o músico Felipe Roseno, ela viveu 11 meses na ponte aérea entre São Paulo, onde mora, e Rio, local das gravações.
“Ia e voltava do Rio toda semana, às vezes mais de uma vez. Tive que abrir mão de algumas coisas e, no caso, o convívio com a família ficou um pouco afetado no ano passado. Mas eu fazia de tudo para estar o máximo possível com eles”, salienta.
Por muito tempo, Mel priorizou a maternidade. Por isso, a atriz sabe o valor que a arte tem em sua vida e os caminhos para não deixar que o trabalho afete tanto a sua vida pessoal.
“Desde que as crianças nasceram, eu tentei outras soluções e acho que, na verdade, manter a base deles, para minha família, funcionou melhor”.
A artista, que deu adeus à malvada e ambiciosa Regina de “Cara e Coragem” na sexta-feira, já abandonou os cabelos escuros da personagem e, agora, curte férias com a família. Até a última quarta, dia em que conversou com o AT2, eles estavam na Europa.
“Gosto muito de viajar e as crianças viajam comigo há bastante tempo, então eles acabaram também criando um gosto pela coisa. A gente tem uma família muito espalhada, não só pelo Brasil, mas em vários países também. Agora, estou em Londres, porque minha cunhada mora aqui”, conta ela, que em duas semanas vai encontrar a irmã na Coreia do Sul.
Depois, com as energias recarregadas, ela voltará ao Brasil para se dedicar ao teatro. “Estou produzindo meu solo que encenei online, mas vou fazer presencialmente, e vou sair em turnê com 'Misery'”.
A peça, com produção e realização da capixaba WB Produções, chega ao Estado em agosto com sessões gratuitas. “Adoro ir a Vitória. Tem tempo que não vou”.
“A ambição em si não é ruim. Mas tem essa linha tênue”
AT2: É filha da astróloga Claudia Lisboa e sua mãe previu seu retorno à Globo. De que forma usa a astrologia a seu favor?
Mel Lisboa: Sempre me consulto com minha mãe. Ela trabalha com tendências, e falou: “Existe uma tendência boa de trabalho, de retorno à coisas que você já fez”.
Seu retorno à Globo foi com uma vilã. São suas preferidas?
Eu curto fazer as vilãs, mas essa é a primeira vez que faço uma vilãzona. Foi um desafio, e gosto dos desafios. Sou insegura, mas sinto muito prazer em construir as personagens. Fui feliz fazendo essa novela.
Sua personagem era bastante ambiciosa. Quando a ambição vira um mal?
Quando você prejudica pessoas para ser aquilo que você ambiciona, perde a empatia. Mas a ambição em si não é ruim. É uma ferramenta que você pode buscar melhorar. Mas ela tem essa linha tênue.
Já foi alvo de pessoas ambiciosas?
Primeiro confio. Não tenho a atitude de desconfiar e achar que estão querendo me passar a perna. Prefiro harmonia.
Uma pessoa pode mudar de caráter por amor?
Sim. Não é fácil, é preciso vontade genuína. Todos somos capazes de mudar em qualquer aspecto.
E o contrário?
A convivência nos influencia. Ainda mais quando se trata de uma pessoa persuasiva.
Sua vilã rejeita a vida simples, sua origem. Conheceu pessoas que escondem seu passado?
Não. Mas há todo tipo de gente.
Quais valores se orgulha em passar para seus filhos?
Tento passar valores para eles serem cuidadosos com o outro, para que sejam pessoas que saibam resolver seus problemas. Uma vez que eles sejam confiantes, passa a não ser um problema se você sai para trabalhar e passa um ano fora. Conversei muito com eles, falei que o trabalho não é apenas uma necessidade, mas parte de mim. Eu não seria quem sou se não trabalhasse, amo meu trabalho!
Qual é o seu o pior defeito e a sua maior qualidade?
Normalmente, os piores defeitos, a gente não quer contar. (Risos) Mas a insegurança, às vezes, me atrapalha. Deixo de fazer coisas por achar que não sou capaz. E não sei qualidade... Fico tímida. (Risos)
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