Comparação é uma ameaça à felicidade
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Será que a grama do vizinho realmente é mais verde? O ato de se comparar às outras pessoas é algo inerente ao ser humano, mas é preciso ter cuidado para que esse comportamento não ameace a própria felicidade.
Comparar porte físico, profissão, relacionamento, conta bancária, fama. É difícil encontrar alguém que, em algum momento, não tenha se autoavaliado pela régua de outra pessoa.
Porém, embora a psicóloga Adriana Severine explique que é uma atitude normal, isso pode determinar a maneira como nos comportamos e vivemos e lidamos com a felicidade.
“Essa comparação acaba sendo como um objetivo a ser alcançado. Desejar ter o cabelo igual ao da atriz 'x' , quer dizer que eu quero um cabelo extremamente brilhante”, salienta.
A terapeuta Marinélia Leal afirmou que tanto os homens quanto as mulheres praticam esse comportamento. E pode ser algo positivo, desde que saiba fazer bom uso dessa atitude.
“Veja as crianças. Elas se comparam e, muitas vezes, isso as impulsionam a ultrapassar limites, o que é muito bom. O que temos que ter realmente atenção é o que eu faço depois de me comparar a algo ou a alguém”, explica.
Para o psicólogo Roberto Alves, a comparação é a maior inimiga do desenvolvimento de uma boa autoestima e é fundamental aprender a reconhecer as próprias qualidades.
“É preciso perder o medo do julgamento, acolhendo nossas características intrínsecas, vulnerabilidades e fragilidades e afirmando, para nós mesmos, que tudo bem não sermos perfeitos. Não temos que dar conta de tudo”, diz.
“Ninguém pode ser igual”

Há alguns anos, assim que a atriz Cleo Pires surgiu na mídia, a bacharel em Direito Rafaela Chrizóstomo, 30, percebeu que tinha traços parecidos com os da artista. Até manteve os cabelos escuros, principalmente após ouvir de outras pessoas que sua aparência lembrava a da atriz.
“Mais tarde, percebi que havia somente os traços, mas não seria possível ser igual. Ninguém pode ser igual a outra pessoa”, afirma.
“Isso deturpa”

Quando estava na adolescência, a atriz Ana Cecília Mamede, 36, passou por um momento em que comparava seu corpo com os de modelos das revistas. Na época, isso abalou sua autoestima.
“É muito complicado ter que se encaixar em um padrão, porque isso deturpa nossa relação com o próprio corpo, que é único e com suas próprias belezas”, afirma.
“Mais verdadeira”

A influencer Talita Bazilio, 21, sempre quis ser conhecida por fazer a diferença na vida das pessoas e começou a trabalhar com internet com esse propósito.
Mas chegou um momento em que ela teve que se reavaliar porque estava imitando outras influencers. “Eu parei eventualmente. Se alguém fosse me seguir e acompanhar o meu conteúdo, eu tinha que ser o mais verdadeira possível”, diz.
“Relacionamento saudável”

O educador físico Rafael Perez, 24, na adolescência, comparava seu físico ao de seus ídolos do futebol. E até cogitava fazer exercícios específicos para ficar como eles.
“Hoje em dia, sou professor de natação e ainda gosto de futebol e outros esportes. Porém, é um relacionamento saudável, principalmente comigo mesmo.”
Estratégias para não cair nessa armadilha!
Inspire-se, mas não se compare
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Em vez de usar o sucesso de outras pessoas como forma de se diminuir ou se sentir mal, faça uma análise e veja como elas chegaram lá. Porém, encare isso como uma forma de inspiração e nunca como uma comparação. Pense o que você pode aprender com o sucesso delas e trabalhe para se tornar a melhor versão de si mesmo (a).
Avalie sua autoestima
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O psicólogo Roberto Alves salientou que uma forma de parar de se comparar é avaliando como anda a autoestima e o grau de influência que os outros têm sobre ela. “Confirme se você tem opinião sobre si mesmo ou se permite que outros controlem a forma como você pensa e se sente”.
Identifique atitudes comparativas
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Identificar se seu comportamento comparativo é algo positivo, que motiva o crescimento pessoal, ou negativo, que traz desmotivação, poderá te auxiliar nessa fase. “Ter inveja do carro que você não tem, do (a) parceiro (a) que considera impossível conseguir, de cenários que limitam suas crenças pessoais ... tudo isso pode impactar completamente sua vida, felicidade e a própria identidade”, explica.
Valorize suas qualidades
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A psicóloga Adriana Severine propõe um exercício simples que ajuda a reconhecer as próprias virtudes. “Escreva 10 qualidades que você tem, sejam elas físicas, emocionais ou intelectuais. Se não conseguir encontrar, pergunte às pessoas que te conhecem bem. E pense muito sobre o que elas te falarem”.
Liberte suas emoções
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Outra dica dos especialistas é escrever no papel seus pensamentos e sentimentos comparativos. Leia e releia, em voz alta, algumas vezes por dia, e perceberá que muito do que escreveu não tem sentido algum para você, para sua vida. E verá que pode reescrever sua verdade, aceitá-la e ser feliz, sem a dependência de projetar no outro uma felicidade fictícia, de simples aparências.
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“Escreva, no papel, o que aquela pessoa com a qual se compara gostaria de ter ou de ser como você. Perceberá que muito em você tem mais força, poder e valor”, afirma Roberto Alves.
Redes sociais com moderação
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Se você não vive da internet, uma forma de evitar a angústia de se comparar aos outros é limitando o tempo que passa nas redes sociais. Afinal, as pessoas costumam postar apenas pequenos destaques do seu dia. Por trás de filtros e Photoshops, essas postagens nem sempre refletem a realidade.
Fonte: Especialistas consultados.
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