Bernardo Dugin: desafio é com ele mesmo
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Após ter atuado em três longas, seis curtas, quatro séries, peças de teatro e novelas, Bernardo Dugin ainda quer mais, muito mais! Ator, produtor, diretor de teatro, apresentador, jornalista e professor, Bernardo conta, em entrevista ao AT2, que desafio é com ele mesmo!
“Sonho em trabalhar cada vez mais nas três áreas. Em teatro, cinema e TV. Cada vez mais com papéis complexos, que exijam de mim ainda mais estudo e que de alguma maneira dialoguem com meu tempo, com a sociedade. Quero que a minha arte sirva de instrumento para além do entretenimento. Desafios? Falou com a pessoa certa. Pode mandar!”, disse o rapaz, no ar como o Nero, da novela “Éramos Seis”.
E ele já tem planos para quando a trama das seis terminar: “Logo após a novela farei a Via Sacra de Aparecida. Depois, volto com minhas aulas de teatro em Nova Friburgo e ainda quero estrear dois espetáculos esse ano. Tem também na fila ainda um longa, uma série e dois curtas para estrearem. Ah, e uma viagem de férias não cairia nada mal, né?”.
Bernardo começou no teatro amador cedo, com 12 anos. E, de lá para cá, não parou mais. Graduado em Comunicação Social, ele também foi apresentador dos vídeos de treinamento dos Jogos Rio 2016.
Em “Éramos Seis”, seu personagem é um revolucionário que se reúne às escondidas no cabaré com estudantes, operários e intelectuais paulistas na luta por uma nova Constituição, novas eleições, por uma sociedade mais justa e mais igual.
Nero também é um dos articuladores de São Paulo junto com Lúcio, Virgulino, Alfredo e Tião. Eles vão às ruas e à guerra contra a censura, contra a ditadura do governo de Getúlio Vargas e a favor da liberdade.
ENTREVISTA | Bernardo Dugin ator “Se realmente acredito, vou até o fim”
AT2 - Você é natural de Friburgo. Como se mudar para o Rio agitado?
Bernardo Dugin Morei em Nova Friburgo até os 18 anos. Depois mudei para o Rio para continuar estudando teatro e também para fazer faculdade. Cheguei um pouco receoso com o que ouvia nos noticiários, com medo de me perder... Peguei alguns ônibus no sentido errado, dei voltas pela cidade... Mas de cara me apaixonei pelo Rio, pelo estilo de vida.
Quais foram as maiores dificuldades que encontrou no início de sua carreira?
A primeira foi ter calma. Quando a gente é novo não tem paciência para o tempo. Mas acho que a maior dificuldade que encontrei no início da carreira foi a de conseguir discernir cursos bons e cursos caça-níqueis. Porque eles mexem com sonhos, criam expectativas. Alguém me ligava dizendo que teria um workshop caríssimo com um diretor x, que eu poderia ser visto, e isso me deixava ansioso. E, obviamente, frustrado.
Já juntei economias, parcelei, mas quando eu chegava lá, era furada. Aos poucos, entendi que a melhor coisa era trilhar um caminho sólido e sem deslumbramento.
Como recebeu o convite para viver o Nero em “Éramos Seis”?
O diretor Guilherme Azevedo me apresentou para uma participação. Eu já tinha trabalhado com ele em um curta independente, na raça. Aí, a produtora de elenco Dani Pereira me ligou e topei. No início, Nero seria uma participação. Mas o personagem cresceu, ficou e ganhou novas tramas. Sei que parece clichê, mas encaro como um presente.
O que o Bernardo tem a ver com o Nero?
Me identifico com o Nero na paixão, no sangue nos olhos e no desejo de mudança. Desde criança fui engajado em causas. Fui representante de turma por vários anos no colégio. Também fui presidente do Grêmio Estudantil. Sempre gostei de argumentar e articular. Se realmente acredito, vou até o fim.
Para viver o Nero, fez uma pesquisa na história?
Sempre me interessei por política, mas confesso que a Era Vargas estudei na escola e já tinha esquecido de muita coisa. Então, precisei mergulhar nesse universo. Entender o contexto político socioeconômico. Li, ouvi podcasts, assisti a filmes e, claro, contei com a generosidade de dois mestres: Antonio Karnewale, que faz nossa preparação, e com Kiko Mascarenhas, grande parceiro de cena.
O que faz nas horas de lazer?
Além dos programas culturais, amo gastronomia. Sair para jantar em boa companhia, comer e beber bem e uma boa conversa me deixam muito satisfeito. Uma roda de violão com os amigos também não tem preço.
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