Tarifaço de Trump: Indústria do ES avalia demitir e reduzir produção
Findes informou que as empresas capixabas começam a planejar medidas de “redução de danos” mediante à taxação imposta ao País
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As indústrias brasileiras já começam a se preparar para um possível cenário de crise caso as taxações anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrem em vigor a partir de 1º de agosto.
A redução da produção e a discussão sobre demissões estão entre as medidas consideradas para minimizar os impactos financeiros e garantir a sustentabilidade dos negócios.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado (Findes), Paulo Baraona, disse que apesar de ainda não ter sido entregue pelo governo dos EUA nenhum documento oficial ao governo brasileiro – o posicionamento foi feito por Trump em uma de suas redes sociais –, as indústrias começam a planejar medidas para redução de danos.
“O setor já avalia diminuir a sua produção e discute a possibilidade de demissões afim de evitar o agravamento da saúde financeira das empresas e garantir a sustentabilidade dos negócios”, admitiu.
Ele explicou ainda que as 27 Federações das Indústrias do país têm se reunido constantemente com a coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio do presidente da Confederação Ricardo Alban, que também está em permanente contato com o governo federal.
Um levantamento está sendo feito em todos os estados junto às empresas sobre a situação atual das frustações comerciais com os EUA, devido à insegurança.
Um dos setores mais impactos com a taxação de 50%, a indústria de rochas naturais é responsável por cerca de 480 mil empregos diretos e indiretos no País.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Rochas Ornamentais no Estado (Sindirochas-ES), Ed Martins André, informou que no Estado são cerca de 25 mil empregos diretos e mais de 100 mil indiretos e, de acordo com ele, se o cenário não mudar, há risco de demissões.
O setor de pesca capixaba também está em alerta. O presidente do Sindicato das Indústrias e dos Armadores de Pesca do Estado, Luiz Gonzaga de Almeida Neto, citou que mais de 90% das exportações capixabas de pescado têm como destino os EUA, e a aplicação da nova taxação pode tornar inviável a operação das embarcações locais.
“Se essa tarifa vigorar, será desastroso. Sem os EUA, inviabiliza toda a cadeia, da pesca oceânica ao processamento do pescado”, disse.
Ed Martins André presidente do SindiRochas: “Pé no freio em relação a investimento”
A Tribuna - Qual é o sentimento predominante entre os empresários do setor de rochas?
Ed Martins André - De apreensão. A politização das sanções comerciais está tirando o debate do campo técnico e diplomático, o que preocupa o setor produtivo, que teme consequências sérias para a economia.
Como o setor está reagindo na prática?
Houve um claro pé no freio nos investimentos. Já há empresários que pararam de fazer planejamentos de investimentos e, em relação a custos, tem algumas empresas que estão tentando enxurgar algumas despesas, mas ainda não de pessoal. É pé no freio mesmo em relação a investimentos.
Pode dar um exemplo desse freio nos investimentos?
Sim. Um empresário capixaba que estava no ritmo de montar uma pedreira no Nordeste suspendeu a compra de equipamentos, aguardando uma definição dessa crise. Outro adiou a marcação de blocos em pedreiras.
O setor já sente impacto direto nas exportações?
Ainda não houve paralisações totais, mas o planejamento de vendas e produção foi afetado. A insegurança travou decisões estratégicas.
Qual é a importância do mercado americano?
Gigantesca. Os Estado Unidos representam 56% das exportações do setor capixaba de rochas. Todos os outros 129 países somam apenas 44%, o que mostra o tamanho da dependência.
Há alternativas de curto prazo?
Não de forma imediata. Mesmo que se tente diversificar mercados, há desafios técnicos como espessuras diferentes de chapas e um tempo de maturação maior para projetos em outros países. O redirecionamento da produção não é simples.
Há risco de demissões?
São cerca de 25 mil empregos diretos e mais de 100 mil indiretos no setor de rochas no Estado. Infelizmente, em caso de paralisação das exportações, essa força de trabalho está seriamente ameaçada.
Mas o setor está tentando articular por meio de entidades e representantes no exterior, buscando apoio e sensibilização do governo americano. No entanto, até o momento não há avanços nesse sentido. Seguimos nas articulações.
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