Redução nos preços traz alívio para famílias capixabas
Especialistas dizem que a inflação perdeu força e alguns produtos estão ficando mais baratos, entre eles óleo de soja e carne de boi
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Depois da inflação de 10,79%, um ano atrás, a desvalorização do real perdeu força. Comparando o período entre maio deste ano e de 2022, o índice oficial do País, o IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou em 4,07%.
Alguns preços seguem em alta. Mas, pelo menos, 20 produtos em geral ficaram mais baratos, como o óleo de soja, combustíveis e alguns eletrodomésticos. Esse é um cenário que dá alívio às famílias.
Até mesmo o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que insiste em manter a taxa de juros Selic em 13,75% ao ano, já vê melhora no cenário inflacionário e prevê uma tendência de queda, ainda que lenta, para os próximos meses.
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“Na atividade econômica também temos uma notícia boa. Eu digo que o cenário está clareando. A gente tem uma inflação que parece que vai engrenar uma melhora, ainda que lenta. Ao mesmo tempo, a atividade vem surpreendendo para cima. Índices de confiança melhoraram, mas ainda abaixo da média”, disse.
Dados da Grande Vitória indicam também redução de preços de produtos sazonais, ou seja, cujo valor dependem da época do ano, como o tomate (queda de 34,31%), repolho (-28,24%) e cenoura (-27,53%). As passagens aéreas também tiveram queda.
“É uma desaceleração significativa. A queda tem relação com a política monetária contracionista (taxas de juros elevadas), queda no preço do barril do petróleo e redução de carga tributária em combustível”, explicou o economista Eduardo Araújo.
Outro preço que caiu foi o da carne bovina. Ela acumula queda de 2,7% nos três primeiros meses do ano e pode chegar a cair 5% até o fim do ano, segundo analistas. O diretor administrativo do Grupo Carone, Willian Carone, avaliou que o preço só não cai mais devido à cobrança de tributos.
A queda nos preços influencia a vida também das empresas. Chamados popularmente de “atacarejos”, os estabelecimentos que vendem tanto no atacado quanto no varejo têm sofrido com a deflação, nome técnico que define o fenômeno da redução no valor de produtos e serviços.
Segundo o contador Breno Machado, a deflação pode afetar essas lojas de diferentes maneiras, dependendo da forma como elas gerenciam seus estoques e preços, já que comprar caro e vender barato não é um bom negócio.
Sentimento ainda é de queda do poder de compra
Mesmo com a queda no preço de alguns produtos, quando o salário ou a renda do consumidor não acompanha essa tendência, eles podem sentir seu poder de compra diminuindo.
O contador Breno Machado, que também tem formação em comércio exterior, lembrou que outras questões econômicas, como o desemprego, a inflação em alguns setores específicos e o endividamento das famílias, podem afetar a percepção dos consumidores sobre seu poder de compra.
“Outro fator importante é o psicológico das pessoas que pode ser afetado, como o medo da incerteza econômica ou a falta de confiança nas perspectivas futuras”.
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