Preço de carro usado cai após 21 meses
Tendência é que o mercado automotivo volte à normalidade após a pandemia, com equilíbrio também na oferta de veículos zero
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O aumento do preço dos carros usados em 2021 tomou conta das conversas dos brasileiros. A escassez de componentes para a produção de carros novos fez com que os usados subissem quase 22% no período, mas o cenário começa a mudar.
Os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril mostram que o preço dos carros usados teve queda de 0,47%, a primeira vez em 21 meses.
Apesar de a queda ser tímida, outro dado do setor reforça uma mudança: segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), as transações de veículos usados retraíram 13,5% em abril frente a março, o que faz com que o acumulado do ano esteja 21,2% abaixo do registrado em 2021, ano de recorde nas trocas de titularidade.
Foram vendidos mais de 3,7 milhões de veículos usados no acumulado do primeiro quadrimestre de 2022, contra mais de 4,7 milhões em igual período do ano passado. Ou seja, diferença de 1 milhão de veículos usados que deixaram de ser negociados.
Para o consultor automotivo Ricardo Bacellar, os números refletem outro fenômeno: o empobrecimento do brasileiro médio.
Para o especialista, os indicadores dão sinal de alerta de que o mercado de carros usados voltará à normalidade de antes da pandemia.
“O primeiro fator é que os carros novos vão voltar a ser entregues normalmente, ainda que mais caros. Mas há algo ainda mais importante, enquanto o preço do carro usado subiu 22%, o brasileiro médio empobreceu 11%, de acordo com a Fipe. Temos um gap entre a renda das pessoas e o preço do carro. Na prática, o veículo ficou um terço mais caro”, explica Bacellar.
Para continuar vendendo a todo vapor, só há uma saída para o mercado de usados, segundo o consultor: baixar os preços.
“Em algum momento, o mercado vai precisar fazer um realinhamento de preços para continuar vendendo. Entre os carros novos não há muito espaço, porque o custo de produção continua crescendo, o que não acontece com usado, já que o custo já foi amortizado. Não há expectativa de que a renda do brasileiro suba, então haverá desequilíbrio entre a oferta e a procura.”
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