Minerais e terras raras do Brasil na negociação com Donald Trump
Brasil pode usar minerais estratégicos como trunfo contra tarifaço dos EUA, diz Haddad
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na segunda-feira (04) que um acordo de cooperação sobre minerais críticos e terras-raras pode ser firmado com o governo dos Estados Unidos como parte da negociação sobre o tarifaço americano (a medida está prevista para iniciar na quarta).
Em entrevista à BandNews, ao ser questionado sobre eventuais pontos que podem ser levados à mesa de negociação, Haddad citou os minerais, que são essenciais para produção de baterias elétricas e setor de inteligência artificial.
“Nós temos minerais críticos e terras-raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais, podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes”, disse o ministro.
O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar disse a representantes do Instituto Brasileiro de Mineração que os EUA estão interessados em realizar acordos com o Brasil para a aquisição de minerais considerados estratégicos.
Estado
À reportagem de A Tribuna, o físico nuclear Marcos Tadeu Orlando, que é professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e representante da universidade no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), disse recentemente que minerais encontrados no Espírito Santo, como os presentes na areia monazítica de Guarapari, poderiam interessar aos EUA.
Segundo ele, esses minerais, considerados estratégicos, estão “no cardápio” de interesse dos EUA, especialmente diante de tensões geopolíticas e disputas tecnológicas.
Já a Agência Nacional de Mineração (ANM) informou a reportagem que apesar de haver atualmente pouca produção mineral de interesse estratégico dos EUA, há para o Espírito Santo, o quantitativo de 147 processos minerários distribuídos entre as fases de Autorização de Pesquisa, Requerimento de lavra e Concessão de Lavra para os minerais Monazita-Terras-raras (29), Titânio (28), Alumínio-Bauxita (16), Estanho (6), Zircônio (5), Manganês (5), Berílio (5), Háfnio (2), Columbita-tantalita (1), entre outras substâncias.
Ainda segundo a ANM, dentro do rol de minerais/elementos críticos para os EUA, consta apenas uma pequena produção e comercialização de alumínio (bauxita) do Espírito Santo, ano-base 2023.
Crédito e compras governamentais
O plano de contingência para mitigar os efeitos da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros vai incluir medidas de crédito e possibilidade de compras governamentais, segundo anunciou na segunda-feira (04) o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
O grupo de trabalho formado por diferentes ministérios, segundo ele, está concluindo as ações, que serão direcionadas aos segmentos mais prejudicados.
“O plano de contingência prevê várias medidas. Crédito, e uma delas pode prever compras governamentais. Não tem uma proposta única, são várias medidas que devem estar sendo concluídas e anunciadas”, assegurou Alckmin.
Já o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, que também participou do encontro com representantes do setor exportador, afirmou que o plano de contingência terá um foco especial nos produtos perecíveis, para evitar perdas e reforçar as políticas de segurança alimentar.
“Esse plano de contingência é, evidentemente, para resolver aqueles produtos perecíveis. Nós não podemos assistir a uma sociedade como a nossa perdê-los. Uma sociedade que está agora saindo do mapa da fome e que tem que manter essa política e ampliá-la”, explicou Paulo Teixeira.
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