Mau comportamento provoca maioria das demissões, diz estudo
Estudo aponta que minoria das dispensas de profissionais ocorre por problemas técnicos, e que atitudes são principal motivo
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A ampla maioria das demissões ocorre não por falhas técnicas, mas por atitudes problemáticas no trabalho, como atrasos, descumprimento de regras, faltas, brigas e mau uso das redes sociais. Estudos revelam que o percentual de perda do emprego por mau comportamento supera 80%.
Segundo a diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-ES), Jovaneide Polon, as habilidades socioemocionais não apenas são avaliadas na contratação, mas também definem a permanência na empresa.
“A adaptabilidade é uma característica fundamental. O quanto eu estou aberta a rever meu próprio comportamento, o quanto consigo me adaptar para atender às necessidades da empresa. Isso serve para suportar momentos de adversidades, mas também para entrada, saída e permanência no trabalho.”
Entre as atitudes inadequadas frequentes estão a falta de gestão de tempo, autocontrole e resistência às mudanças corporativas. Especialista em Recursos Humanos (RH), Elias Gomes afirma que a situação está relacionada ao baixo nível de inteligência emocional.
“São comportamentos diversos levados para o trabalho e que acabam sobrando para colegas. O descontrole emocional é uma causa muito grande de demissão. A ansiedade e a agressividade acabam sendo expressados. Junto disso, aparece a baixa produtividade, faltas recorrentes e a imperícia técnica.”
Um dos levantamentos é da revista Você S/A, de 2019, mostrando que 87% das demissões estão relacionadas a problemas comportamentais e só 13% por questões técnicas. Esse quadro se agravou, sobretudo pelo uso inadequado da internet, dizem especialistas.
Em junho, A Tribuna noticiou, inclusive, que o número de demissões por mau uso das redes sociais havia dobrado e chegado a 5 mil, no período de um ano. Advogada especialista em Direito do Trabalho, Luiza Vasconcelos reforçou o problema com o uso da internet.
“Já está entre os principais motivos, principalmente com eleição. Até justa causa é cabível. Dependendo da extensão, se empresa comprovar que a imagem dela foi arranhada por conta da conduta do funcionário”, explicou.
Ela lembra que o monitoramento tem ocorrido até antes da contratação: “A rede social é uma extensão do indivíduo, as empresas se preocupam muito com isso”.
SAIBA MAIS
Falta de adaptação e de autocrítica
Habilidade socioemocional
Envolve de forma mais profunda o lado emocional e psicológico do ser humano, como empatia, confiança, adaptabilidade, autocrítica
Além do currículo e da bagagem, recrutadores costumam avaliar características mais subjetivas. Seleções mais modernas já realizam testes para avaliar se o perfil do candidato é condizente com a empresa.
Essas características não são usadas só no recrutamento, mas também servem como avaliação da permanência do colaborador.
Maioria das demissões
Pesquisas e especialistas em Recursos Humanos afirmam que atitudes e habilidades socioemocionais são responsáveis pela maioria das demissões. Grosserias, atrasos, faltas e dificuldade de adaptação, por exemplo, provocam demissões.
A confiança é uma característica essencial no trabalho. Se a pessoa faz fofocas, o gestor pode entender que o funcionário não contribui com o ambiente, segundo a diretora da ABRH, Jovaneide Polon. Profissionais com dificuldade de conviver com colegas ou que não sabem trabalhar em equipe podem ser alvos.
Redes Sociais
O mau uso das mídias figura entre os principais motivos de demissões e agravou o quantitativo de dispensas por mau comportamento. O assunto foi abordado em reportagem de A Tribuna em junho. “Houve aumento considerável nos últimos tempos, certamente está no top 3 dos motivos”, diz o especialista Elias Gomes.
Justa causa
Se a empresa entender que a imagem dela foi prejudicada pelo comportamento do funcionário, ele pode ser demitido por justa causa.
Pré-contratação: tem sido comum a avaliação das redes sociais de candidatos antes da contratação. Algumas empresas até pedem para que o candidato indique suas contas.
Como forma de prevenção, diversas empresas tem indicado em seu manual de condutas orientações envolvendo o uso de redes socias, não apenas durante o trabalho.
A medida vem sendo tomada também como forma de se resguardar caso alguma demissão vá parar na Justiça.
Fonte: Elias Gomes, Luiza Vasconcelos, Eliana Machado e Jovaneide Polon.
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