Investidores pagam até R$ 4 milhões por invenções de capixabas
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Na busca constante por criar produtos novos ou inovar os que já existem, empreendedores do Estado recebem investimentos para ampliar os negócios e conseguir expansão no mercado. Os recursos chegam de todas as partes do País e até do mundo.
Os projetos que recebem investimentos são de todas as áreas: meio ambiente, saúde, educação, agroindústria e, principalmente, tecnologia. Os recursos chegam a R$ 4,2 milhões por projeto.
“Conheço investidor que colocou R$ 20 milhões em invenção daqui do Estado, mas isso vai depender do caso, do projeto. Quando alguém investe em um contrato desse, ele sabe que pode dar resultado. Se não der, ele perde. É o risco”, afirmou o Wagner Fafá, presidente do Grupo Inventar.
Ele destacou que os interessados nos produtos capixabas são, geralmente, de outros estados, como Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e Ceará. “Aqui no Estado são menos. A maioria que se interessa é de fora, até mesmo de outros países. Mas eu já vi investidor do Espírito Santo aplicando R$ 400 mil em invenções”, destacou.
Os inventores podem ser independentes, que não estão ligados a nenhum órgão, e também os acadêmicos, que são os encontrados dentro das universidades. Mas, atualmente, grandes projetos têm saído das startups, especialmente as que são focadas em tecnologia.
Uma startup que empreendeu no Estado e fechou contrato com investidores foi a Gama Ensino, localizada em Vitória. Eles possuem como foco um método de ensino diferenciado e estão captando R$ 850 mil através de uma plataforma de investimentos.
Deste valor, 35% já foi arrecadado. O diretor da startup, Nilton Sagrilo, destacou que não foi a primeira vez que a empresa recebeu aporte de investidores. “O negócio nasceu com esse tipo de captação. O investidor sempre fica com uma cota da empresa”, pontuou.
Ainda de acordo com Nilton, existem várias formas que a pessoa pode aplicar recursos em um projeto. Uma delas é através de plataformas. “Existem algumas plataformas de investimento. O investidor entra, se cadastra e tem a livre opção de investir. Eles podem investir em uma startup assim que ela surgir no mercado”.
Para o investidor que está começando, o conselho é investir em fundos, que farão as escolhas.

Software conquista 80 empresas no País
A startup de tecnologia AEVO, localizada em Vitória, recebeu um investimento de R$ 4,2 milhões da KPTL, que fica em São Paulo.
O produto da startup é um software que já é usado por cerca de 80 empresas no País: trata-se de um projeto que visa estimular inovações dentro das empresas, sendo que os próprios funcionários podem participar e ganhar pontos com as ideias.
“Os colaboradores são estimulados a participar com ideias para resolver os desafios. A inovação vira um jogo, e eles vão ganhando pontos e aparecendo no ranking”, afirmou o CEO da AEVO, Luís Felipe Carvalho.
O aporte chegou para a startup no início do mês passado. “Esse aporte é voltado para melhorar o nosso produto e torná-lo melhor”.
Ventilador pulmonar
Adepto às invenções, o médico Humberto Ribeiro do Val criou um ventilador pulmonar fabricado com peças nacionais. “Ele não depende de nada que é importado. Com a pandemia do coronavírus, uma empresa de São Paulo se interessou e fiz a transferência”, disse.
Ele desenvolveu o projeto acompanhado de auxiliares que trabalham com ele. E esta não foi a primeira vez. Em 1996, junto com o também médico Wilson Valadão, o inventor desenvolveu outro ventilador pulmonar, que é considerado o menor do mundo (foto). O projeto também atraiu olhares de investidores e foi vendido.
Capa de motos, antena de TV e adaptador para ar-condicionado

Os projetos desenvolvidos por inventores e empresas capixabas são diversos e capazes de ajudar a sociedade de variadas formas. Além disso, os criadores podem ganhar dinheiro com as invenções.
Como é o caso de um homem, na Serra, que conseguiu recursos após inventar uma antena de cristal. Segundo Wagner Fafá, presidente do Grupo Inventar, ela é capaz de melhorar o sinal de TV.
Outra invenção que atraiu recursos foi uma capa para proteger motos do sol. Ela foi feita por um vendedor de picolé que mora no município de Águia Branca.
A empresa que se interessou é de Ribeirão Preto (SP). “É uma capa térmica que não deixa a moto esquentar no sol”, afirmou Fafá.
Outro projeto que também chamou a atenção foi um adaptador capaz de gerar um alto consumo de energia na utilização do ar-condicionado. O inventor é morador de Vitória e recebeu um aporte financeiro do Canadá.
“Além de conseguir o investidor do Canadá, o inventor também iria produzir para vender. Esse adaptador é colocado na tomada do ar-condicionado e é capaz de reduzir o consumo de energia em até 50%. Foi um produto inovador”, disse.
Evento
Em novembro, acontece a 23ª edição do salão do inventor. O objetivo é incentivar a inovação. Por causa da pandemia, o evento vai ser completamente online e as inscrições já podem ser feitas.
Inventores independentes são destaque
Startups ganham destaque
- As invenções e inovações podem atrair o olhar de investidores de diversas partes do País e também do mundo. Tudo depende do que foi criado e qual a finalidade daquele produto, se ele desperta o interesse do mercado e se vai ajudar o dia a dia da sociedade de alguma forma.
- No Estado, as invenções são voltadas para diversas áreas: tecnologia, saúde, educação, meio ambiente, agroindústria e outras.
- Os inventores podem ser independentes, que atuam sem estarem conectados a nenhuma instituição, e também acadêmicos, que estão dentro das universidades.
- Empresas também inovam e inventam e, atualmente, as startups (principalmente as de tecnologia) ganham um espaço de relevância neste mercado.
- Os produtos são variados, como softwares, aplicativos, antenas, ventiladores pulmonares, capa para proteger motocicletas e outros.
- Os investimentos podem chegar a patamares milionários e alavancar o negócio do inventor.
Fonte: Especialistas entrevistados.
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