Gasolina pode chegar este ano a R$ 5,50
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Um dos itens essenciais para a movimentação de diversos setores da economia, a gasolina vem acumulando aumentos de forma contínua para os consumidores nos últimos meses. E a tendência é de que ele suba ainda mais. De acordo com especialistas, o valor do combustível pode chegar a R$ 5,50 até o final deste ano.
Hoje, a gasolina custa em média R$ 4,90 no Estado, de acordo com informações da Secretaria de Estado da Fazenda do Espírito Santo (Sefaz). Somente este ano, o combustível já acumula cerca de 13% de alta nas refinarias do País.
O financista Fabrício Azevedo ressalta que fatores como a política nacional e o cenário econômico que se desenha podem influenciar negativamente no bolso do consumidor final do produto.
“Se mantiver este cenário e a volatilidade do dólar, é possível que o preço da gasolina bata R$ 5,50. E isso leva a uma cadeia de problemas para a gente, pois a nossa cadeia de transportes é majoritariamente rodoviária. O frete terá de ser aumentado e consequentemente o valor dos produtos nas prateleiras”, destacou Azevedo.
O economista Marcelo Loyola Fraga também afirmou que o preço deve subir. “Se nada for feito, a gasolina vai chegar a mais de R$ 5,50 para o final do ano, e isto é muito preocupante, pois deixa mais caro vários outros serviços que dependem de combustível, pesando assim para o consumidor final, não tenho dúvida”.
Luiz Sant'Anna, economista-chefe da Lotus Investimentos, falou sobre o possível aumento.
“O céu é o limite. Podemos ter uma ajuda de fora, do valor do petróleo cair. Mas o petróleo do pré-sal é denso e precisa de refino. E o Brasil não tem capacidade de refinar tudo, por isso acaba vendendo para fora e comprando de volta por um preço mais caro”.
Já Fabrício Azevedo salientou que o preço do barril de petróleo influenciou diretamente no valor final dos combustíveis para o consumidor brasileiro no ano passado.
“Durante a pandemia teve uma queda no preço do barril porque os países que consomem muito tinham reservas altas. Só que depois a reserva reduziu e a demanda aumentou. Com isso, o preço do barril também aumentou lá fora. Quando o preço lá fora caiu, não houve redução aqui, o preço se manteve. Mas quando o preço subiu, nosso valor aumentou”.
Bolsonaro quer mudar imposto
Para conter o aumento do preço dos combustíveis, o governo federal vai propor mudanças no valor de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), um tributo estadual.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou na sexta-feira (6) que está avaliando um projeto para estabelecer um valor fixo do ICMS sobre combustíveis ou a incidência do ICMS sobre o preço nas refinarias do País.
Ele ainda prometeu cobrar explicações ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
A declaração foi dada após uma reunião com ministros e com o próprio Castello Branco. No encontro, foram discutidas medidas para conter a disparada dos preços dos combustíveis no Brasil.
Bolsonaro destacou que, se ficar comprovada a viabilidade jurídica, apresentará um projeto sobre o tema ao Congresso semana que vem. Segundo ele, o valor do ICMS fixo seria decidido pelos governos estaduais, junto com as assembleias legislativas.
Governo do Estado diz desconhecer proposta
Demandada para se posicionar em relação às declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre uma possível modificação no imposto estadual que incide sobre o valor dos combustíveis, a Secretaria de Estado da Fazenda do Espírito Santo (Sefaz) informou que desconhece o teor de qualquer proposta de alteração da tributação dos combustíveis.
Ainda de acordo com a nota enviada pelo órgão, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é apenas um dos itens que compõem o preço final dos combustíveis e que não houve, na última década, qualquer variação na alíquota cobrada pelo Estado.
A porcentagem do imposto no Estado é de 27% para a gasolina e álcool, e 12% para diesel.
Governadores vão rejeitar a medida, garante Doria
O governador de São Paulo, João Doria, se posicionou sobre a proposta de Jair Bolsonaro para reduzir o preço do combustível no Brasil. O tucano criticou o Presidente por querer mudar o ICMS. Para Doria, isso é querer transferir responsabilidade para os estados.
“A Petrobras promoveu, em 2020, 32 reajustes de diesel. A ANP (Agência Nacional de Petróleo) revelou que o preço médio do diesel subiu sete semanas consecutivas no Brasil. A maior parte do preço do diesel é determinado pela Petrobras. O ICMS é responsável por uma pequena fatia”.
E continuou: “Não é cabível que o Presidente queira vulnerabilizar o equilíbrio fiscal dos estados, transferindo a responsabilidade para os estados, pela eliminação ou redução do ICMS do combustível”.
Doria ressaltou que conversou com governadores sobre a proposta. “Falei com vários governadores, não todos, mas estavam absolutamente contrários a essa proposta”.
Economistas afirmaram que a medida impacta diretamente na arrecadação dos estados.
“Esse tipo de mudança poderia criar dificuldades financeiras para o setor público estadual e municipal, limitando a capacidade de investimentos. É claro que a redução da carga tributária é algo desejado. Mas o ideal é que esse tipo de mudança ocorra num contexto mais amplo da reforma tributária”, explicou o economista Eduardo Araújo.
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