Estado tem o maior número de inadimplentes da história
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A atual crise econômica levou o Espírito Santo a alcançar o maior número de consumidores inadimplentes da história.
O número de capixabas com o nome negativado bateu um novo recorde neste mês, chegando a 757.871, de acordo com dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Ao todo, são 2.273.514 registros de inadimplência, mas uma pessoa pode ter o nome inserido mais de uma vez.
O superintendente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória, Wagner Junior Corrêa, ressalta que o índice vem crescendo durante a pandemia, mostrando que a crise gerada pela covid-19 teve impacto no bolso dos consumidores.
“A pandemia deixou mais nítidas as situações que causam esse aumento das dívidas, como o próprio desemprego”, afirmou.
Corrêa destaca que dois perfis de endividados chamam a atenção: os jovens e os idosos.
“Chama bastante a atenção a faixa de pessoas que estão entrando na aposentadoria. Muitas vezes, não conseguem se planejar para esse momento e chegam sem saber o impacto da redução de receita e aumento de despesas, como plano de saúde”, ressaltou.
No caso dos jovens, ele diz que é uma faixa de idade que começa a ingressar no uso do crédito, e, por falta de preparação, acaba se endividando.
Além da criação de uma cultura de planejamento financeiro, Corrêa vê como solução para a redução do endividamento a flexibilização dos pagamentos que os credores estão adotando, além da própria possibilidade de empréstimos mais facilitados.
Empréstimo
O economista Mário Vasconcelos ressalta que existe risco em qualquer empréstimo, mas que ele pode ser válido quando o consumidor o faz para o pagamento de dívidas maiores.
“Tendo em vista que o cartão de crédito é o grande vilão, por conta da alta taxa de juros, o empréstimo pode ser necessário para sanar dívidas que estão se tornando impagáveis. Quem deve o cartão com R$ 5 mil com uma taxa de 10%, por exemplo, pode quitar com um empréstimo com taxa de 3%. É trocar uma dívida mais cara por uma mais barata”, disse.
Vale ressaltar que o Brasil alcançou este mês o segundo lugar no ranking mundial de maiores juros reais, ficando atrás somente da Turquia, com 3,34%.
“É preciso ter consciência do que motiva o empréstimo. Para o consumo não é válido. É preciso analisar a taxa de juros e também organizar as finanças”, ressaltou Vasconcelos.
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