Empresas criam de aves exóticas a ratos de estimação
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Ring Neck, Cacatua Galah, Rosela e Cabeça-de-ameixa. Para quem nunca ouviu falar, são os nomes de algumas das aves exóticas criadas no Estado e que chegam a custar R$ 15 mil.
Embora não haja em solo capixaba criação de répteis como iguanas e cobras — que vêm de outros locais —, há empresas que criam até ratinhos de estimação.

Trata-se do twister, um ratinho carinhoso que ganha o coração dos consumidores como animal de estimação. Mas não são raros os casos de twisters serem comprados para virar alimento para cobras, também criadas como pets.
Mas, com seu jeito dócil, ele enche a mão do consumidor de lambeijos e, no trajeto da loja até a casa, já consegue convencê-lo a mudar de ideia. E aí o cliente volta à loja com o coração na mão e compra outro alimento para o réptil.
O relato é da médica veterinária Sabine Sandoval Pickert Drews, 33, dona de um pet shop no centro de Vila Velha. Ela explicou que a alimentação deles é com ração balanceada e troca de água todos os dias. Eles também precisam de espaço, já que ficam do tamanho de um porquinho-da-índia.
Sobre a leptospirose, preocupação quando se fala em ratos, ela esclarece: “Todo mamífero pode se contaminar. Se o seu rato pegar, é porque você tem uma fonte de contaminação dentro de casa e você também pode pegar.”
Pássaros
Já em relação às aves, o biólogo Rodolfo Pessotti, 38, que tem experiência como responsável técnico por criadouros, explicou que animal exótico é todo aquele que não faz parte da fauna brasileira.

“Eles não podem viver livres porque podem competir com as espécies nativas. As aves exóticas podem morrer por falta de alimento específico ou pela dificuldade de achar comida, por não serem acostumadas com a vegetação daqui”.
Ele disse que criadores regularizados vendem diretamente ao consumidor e também para lojas.
“Esses animais podem viver em gaiolas de tamanho adequado para exercitar voo e reproduzir naquele ambiente”, diferenciou.
Ele detalhou que, na fase de reprodução, os bichos são separados em casais para ter uma seleção genética mais apurada. Sobre os cuidados, explicou que as aves comem frutas, verduras e ração balanceada e que a higiene é diária, assim como a troca da água e dos comedouros.
A consultora em empreendedorismo Sandra Mara Selleste destacou que quem tem pet shop, por exemplo, deve ficar atento à procedência dos animais.
Hobby virou negócio

O ornitólogo Gil Piske, 46, cria 15 espécies de aves exóticas em um sítio no Estado. Ele nasceu em São Gabriel da Palha e sempre teve bichos em casa. “Eu tinha por hobby e resolvi aliar as duas coisas.”
No sítio há 500 aves de bico curto. Fora do período reprodutivo, elas ficam em um viveiro de 8m de comprimento. Nesse período, os machos e as fêmeas ficam separados. Já no período reprodutivo, os casais ficam juntos em espaços menores. Já na casa dele tem lugar reservado para a Tina, uma Cacatua Galah e para o Lorinho, um Lóris molucanos.
Os dois ficam distantes um do outro, já que juntos brigam disputando a atenção do dono.
SAIBA MAIS
Autorização ambiental
- No Estado há 10 criadouros comerciais autorizados ou em processo de autorização para a criação de aves exóticas. Eles são fiscalizados na ocasião da autorização, durante o período da autorização, aleatoriamente e na renovação da autorização.
- Os cuidados exigidos são que seja feito o controle de doenças infecciosas, correto manejo e alimentação, controle de fuga e o bem-estar do animal. Além disso, é preciso garantir que os animais tenham procedência legal, tanto as matrizes (utilizadas para reprodução pelos criadores, sendo proibida a sua venda) quanto os filhotes que serão vendidos.
- Sendo assim, é importante também que o comprador do animal tenha certeza de que ele tem procedência legal. Caso tenha dúvida, basta entrar em contato com o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
- Os criadouros regularizados de aves exóticas não importam esses bichos. Essa importação foi proibida. As aves que são hoje criadas no Brasil são gerações vindas de matrizes que já estavam aqui antes da proibição.
- A devolução dessas aves à natureza de seu país de origem pode ocorrer. Para isso, é preciso dar entrada no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), informar que gostaria de devolver e o país de origem irá avaliar se vai receber os bichos de volta.
- Para fazer isso, custa caro porque é necessário fazer muitos exames para garantir que a ave não está com nenhuma doença que vá contaminar as outras e causar desequilíbrio ambiental.
- O tutor dessas aves também não pode soltá-las na natureza. Se ele não for cuidar, deve procurar o estabelecimento onde comprou o animal e devolvê-lo, mas não terá o dinheiro de volta.
Fonte: Flávia Chaves, doutora em Ecologia, e IEMA.
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