Dificuldades na indústria: Falta profissional e sobram 2 mil vagas
Setor não consegue contratar e precisa, de imediato, de pessoal qualificado para funções básicas, como mecânico e eletricista
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Se por um lado há um vasto número de desempregados no País, por outro algumas empresas não encontram os profissionais de que precisam. Há hoje, pelo menos, 2 mil vagas para contratação imediata abertas nas indústrias capixabas que não são preenchidas por falta de profissionais preparados para a função.
Entre elas, há oportunidades para soldador, mecânico montador e de manutenção, ajustador, eletricista de alta e baixa tensão, instalador de redes, operador de máquinas, programador, técnico em meio ambiente, engenheiro eletricista com visão de obra, entre outros.
O consultor empresarial e CEO da DVF Consultoria, Durval Vieira de Freitas, afirmou que o Espírito Santo vive um momento de boa expectativa: “Temos investimentos da ordem de R$ 66 bilhões previstos nos próximos 5 anos. Investimentos de capital e operação”.
Durval ressaltou ainda os investimentos em infraestrutura que envolvem portos, ferrovias e estradas. “Eles vão criar em torno de 4 mil vagas nos próximos cinco anos”. Contudo, são empregos temporários, já os de operação, em que há, pelo menos, 2 mil vagas abertas no Estado, são fixos.
O diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-ES) e superintendente do Serviço Social da Indústria (Sesi-ES), Cláudio Marcassa, disse haver um contrassenso no mercado.
“Temos mais de 10 milhões de desempregados no País, e muitas empresas buscam mão de obra. Os desempregados não têm formação profissional técnica para o setor industrial que está com vagas de reposição e novas oportunidades”.
Entre as necessidades ele apontou: eletricista de manutenção, pintor industrial, costureira industrial, técnico em mecânica, por exemplo. “A indústria exige que os profissionais se requalifiquem”.
Fabio Pratti, gerente comercial da GBJ Metalmecânica, explicou que a empresa presta serviços para áreas como construção naval, petróleo e gás, siderurgia, por exemplo. Somente para atuar no Estaleiro Jurong, a empresa tem 45 vagas.
São elas: macariqueiro (5), montador (10), encanador (15), soldador MIG (10), isolador naval (5).
“Ás vezes, vejo muita oferta e falta de interesse da população em buscar esses cursos. Muitos também saem do técnico e já vão direto para o ensino superior”.
SAIBA MAIS
- Indústria
O Espírito Santo tem 15.500 indústrias que criam cerca de 220 mil postos de trabalho formais.
Especialistas estimam que atualmente falte, pelo menos, 2 mil profissionais para atuar nas indústrias no Espírito Santo. Em sua maioria, profissionais que têm curso de qualificação ou curso técnico.
- Áreas
As áreas com maior demanda de profissionais são aquelas consideradas transversais. Ou seja, o mesmo profissional pode atuar em indústrias de diferentes segmentos, como é o caso do técnico em segurança do trabalho.
- Investimentos
O estado tem investimentos da ordem de R$ 66 bilhões previstos nos próximos 5 anos. São investimentos principalmente de capital e operação. Os maiores investimentos de capital são na área de petróleo. Como muitas plataformas são compradas prontas, esse investimento cria oportunidades de trabalho fora do País.
Já os investimentos em infraestrutura são os que mais interessam aos capixabas. Envolve construção de ferrovias, portos, estradas. Eles vão criar em torno de 4 mil vagas nos próximos cinco anos. Mas essas oportunidades de implantação são temporárias, já as de operação, em que já há 2 mil vagas abertas, são fixas.
- Profissionais em falta
Metalmecânica: soldador, mecânico montador e de manutenção, ajustador, caldeireiro, maçariqueiro, isolador naval, operador de máquina de usinagem.
Elétrica: eletricista de alta e baixa tensão, técnico de automação e controle, instalador de redes.
- Logística: operador de máquinas, almoxarife.
Gestão: programador, técnico de meio ambiente, técnico de segurança do trabalho.
Construção civil: pedreiro, carpinteiro, pintor, bombeiro hidráulico, eletricista e instalador, engenheiro de obra, engenheiro da área metalmecânica, engenheiro eletricista com visão de obra, engenheiro de automação e controle.
- Mudança
Empresários acreditam que a pandemia de covd pode ter contribuído para aumentar o interesse dos jovens por trabalhos que possam ser feitos remotamente.
Além disso, a saída dos profissionais do mercado formal, devido à pandemia, fez com que no retorno das atividades muitos já estivessem se encontrado no trabalho autônomo. Além disso, não está havendo um casamento entre o que a indústria precisa e as escolas formam.
No retorno às atividades presenciais, o número de profissionais necessários para reposição e as novas vagas não acompanharam a demanda.
- Vagas
As vagas para a indústria normalmente são disponibilizadas no Sine. Os interessados devem buscar o Sine do município onde residem para se candidatar às oportunidades.
- Preparação
Para quem quer se preparar para o mercado de trabalho, o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025 apontou as profissões que mais vão precisar de profissionais até 2025, no Estado.
Abaixo estão algumas profissões que exigem curso de qualificação ou curso técnico e o número de novos profissionais que vão precisar ser formados para atender as necessidades até 2025:
Curso técnico
Técnicos de planejamento e controle de produção: serão necessários novos 536 profissionais.
Técnicos de controle da produção: 369.
Técnicos em segurança do trabalho: 168
Técnicos em operação e monitoração de computadores: 324
Técnicos mecânicos na fabricação e montagem de máquinas, sistemas e instrumentos: 293
Curso de qualificação
Mecânicos de manutenção de máquinas industriais: 1.292
Operadores de máquinas para costura de peças do vestuário: 972.
Mecânicos de manutenção de veículos automotores: 1.315.
Padeiros, confeiteiros e afins: 651.
Eletricistas de manutenção eletroeletrônica: 234.
Alimentadores de linhas de produção: 2.954
Motoristas de veículos de cargas em geral: 1.928.
Ajudantes de obras civis: 3.094.
Açougueiro e afins: 1.785.
Trabalhadores de estruturas de alvenaria: 1.751
- Tecnologia da informação
Os profissionais técnicos da área de Tecnologia da Informação estão sendo muito procurados. Com carência de profissionais na área, chegam a receber salário de quem tem ensino superior.
Fonte: Findes, fontes citadas na reportagem, Observatório Nacional da Indústria.
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