Cresce o número de demissões voluntárias no Espírito Santo
Somente em agosto, foram ao todo 12.566 demissões voluntárias no Espírito Santo. É o maior número desde janeiro de 2004
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Os pedidos de demissão estão batendo recorde no Espírito Santo. No dado mais recente, de agosto, foram 12.566 demissões voluntárias. É o maior número desde janeiro de 2004.
Em todos os meses de 2022, o número de pedidos de demissão foi superior a 10 mil, o que não acontecia desde maio de 2014. No acumulado em 12 meses são 127.269. No País, foram 632.798 demissões voluntárias em agosto, e 6.595.634 no acumulado dos últimos 12 meses.
O levantamento é feito pela LCA Consultores, a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que contabiliza as vagas com carteira assinada no País.
A especialista em pessoas e carreiras Gisélia Freitas detalha que, com o mercado de trabalho aquecido, o trabalhador tem buscado modelos de trabalho mais flexíveis, a exemplo do que se mostrou na pandemia com o trabalho remoto e os horários diferenciados.
“As empresas que atualmente só pensam em salários não conseguem segurar mais o empregado. Houve também o aumento do microempreendedorismo, pois as pessoas buscam ter uma boa renda. E hoje carteira assinada não é mais sinônimo de empregabilidade”.
Gisélia destaca também que, no período de pandemia, profissionais qualificados aceitaram salários e empregos inferiores ao potencial que têm. “Foi para ficar em atividade produtiva e agora estão se recolocando no mercado em melhores oportunidades”.
É o que ratifica Gabriel Meira, diretor do Ibef Academy, que faz parte do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (Ibef-ES).
“Isso se deve à retomada da economia. Mais empresas produzindo produtos e serviços e consequentemente mais empregos. O trabalhador tem mais opções de escolha. A liberdade de escolha está maior que antes da pandemia”.
Mais de 4.500 empregos foram criados no Estado
O Estado, apesar do recorde de demissões, teve saldo de 4.567 empregos criados em agosto, de acordo com dados apresentados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Representa um aumento de 0,57% do estoque de empregos com relação ao mês anterior. Foram 42.250 admissões e 37.683 desligamentos em agosto.
O superintendente regional do Ministério do Trabalho, Alcimar Candeias, destaca que, mesmo com os números de pedidos de demissão aumentando, as admissões apresentam crescente no Estado.
Ele diz que, em muitos casos, o trabalhador está tendo uma oportunidade de trabalho melhor.
“O estoque de empregos no Estado entre agosto de 2021 e agosto deste ano é de mais de 800 mil. As pessoas estão saindo dos empregos porque estão sendo criadas novas vagas com condições melhores. Ou seja, não quer dizer que é um número negativo”, afirma.
Fique por dentro!
No País (em agosto)
2.051.800 admissões
1.773.161 desligamentos
No Estado (em agosto)
42.250 admissões
37.683 desligamentos
Alguns motivos para pedidos de demissão voluntária
Home office e novos modelos de trabalho.
Busca de um salário melhor.
Desejo de aprender algo novo.
Expectativa de melhorar a qualidade de vida.
Migrar para o empreendedorismo.
Momento de pedir demissão?
É necessário fazer uma autoanálise e também procurar saber o que há de perspectivas no mercado, e o que as empresas estão buscando.
É importante envolver toda a família nesse processo.
É fundamental não deixar o atual empregador na mão. Para isso, busque conversar com a empresa e negociar a saída.
Não existe um momento certo para pedir demissão, mas sim a forma certa de se recolocar no mercado, que é com planejamento.
O ideal, segundo especialistas, é buscar a oportunidade que mais se encaixa com seu perfil e que esteja disponível no momento.
Fonte: Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e Gisélia Freitas.
Análise
“Salários e benefícios já não são o mais importante”
“Numa pesquisa recente nos Estados Unidos foi constatado que salários e benefícios não são mais o principal fator de atração e retenção de talentos.
A pesquisa, conduzida por um grupo de universidades conceituadas, serve de alerta para que as empresas se ajustem para evitar a perda maciça de colaboradores e consigam atrair novos talentos necessários para o sucesso do negócio.
O resultado mais surpreendente da pesquisa é que hoje flexibilidade de horários é o fator mais relevante seguido por trabalho híbrido ou remoto.
Toda essa mudança é justificada pelo cenário de pandemia e é muito provável que esteja sendo replicado no Brasil.
Outro aspecto relevante é a diferença de gerações. A geração Z, que compreende jovens que vão até 26 anos, precisa de ações motivacionais, comunicação constante, perspectiva de crescimento e tudo isso faz com que o RH tenha que pensar em estratégias específicas para esse público”.
Elcio Paulo Teixeira, especialista em RH e CEO da Heach Brasil RH
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