Como vão ficar os salários no ano que vem?
Reajustes ainda tendem a ficar em índices inferiores ao que deveriam acontecer, explicou vice-presidente do Conselho Regional de Contabilidade (CRC)
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O piso salarial de várias categorias normalmente é estabelecido em acordos coletivos e convenções. Mas o que o profissional que ganha salários acima do mínimo pode esperar para o ano que vem?
Vice-presidente do Conselho Regional de Contabilidade (CRC), Walterleno Noronha explicou que com a pandemia e as dificuldades econômicas enfrentadas nos últimos anos, os reajustes ainda tendem a ficar em índices inferiores ao que deveriam acontecer.
Contudo, destacou que para as categorias que trabalham com prestação de serviço alcançar a recomposição salarial tende a ser mais fácil do que para aquelas que trabalham com comércio de produtos.
Ele explicou que isso acontece porque a composição do custo do serviço é diferente do custo do produto, que envolve importação, matéria-prima, entre vários outros itens. No caso, o comércio já tem uma composição maior de custos para repassar ao consumidor e seria mais difícil somar a ela o reajuste mais substancial dos trabalhadores, segundo ele.
Já para quem ganha um salário mínimo, ele é uma política de governo, que depende da eleição. No Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) que foi enviado para o Congresso Nacional, o governo federal prevê a correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
“Pela lei orçamentária, não vai ter aumento do salário mínimo além da inflação”, afirmou José Carlos Buffon Júnior, coordenador do Comitê de Finanças Públicas do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF).
A contadora Mônica Porto esclareceu que está previsto na Constituição Federal que o salário mínimo tem que ser corrigido, pelo menos, pelo acúmulo da inflação dos 12 meses anteriores.
Pelo projeto da Lei Orçamentária de 2023, que foi encaminhado ao Congresso Nacional, o piso vai de R$ 1.212 para R$ 1.302. Um aumento de R$ 90. Mas esse valor é só aquele que acompanha o índice inflacionário, medido pelo INPC.
O Ministério da Economia atualizou a projeção do INPC que cairia de 7.41% para 6.43%. Se for esse valor, o mínimo iria de R$ 1.212 para R$ 1.292. “Precisamos fechar a previsão da inflação porque isso poderia ocasionar uma diferença”.
Saiba mais
Acordos coletivos e convenções
Salários
> As categorias que ganham mais que um salário mínimo normalmente tem seu salário estabelecido em acordos coletivos e convenções.
> Profissionais extremamente qualificados ou com formações escassas no mercado tendem a ter mais facilidade de obter salários maiores.
Salário mínimo
> Trata-se de um direito garantido pela Constituição Federal. Seu valor é a menor remuneração que os empregadores podem pagar para os funcionários do seu time. Regulamentado por lei, vale para todo território nacional.
Reajuste
> A contadora Mônica Porto esclareceu que está previsto na Constituição Federal que o salário mínimo tem que ser corrigido, pelo menos, pelo acúmulo da inflação dos 12 meses anteriores.
> Pelo projeto da Lei Orçamentária de 2023, que foi encaminhado para o Congresso Nacional, o piso vai de R$ 1.212 para R$ 1.302. Mas como o reajuste depende da inflação é preciso esperar fechar a este índice para ter o valor certo.
ANÁLISE
“Identificação com o que se propõe a fazer”, Monique Nogueira, psicóloga
O salário é uma consequência do trabalho. Mas por si só, ele não é um indicativo de qual carreira uma pessoa deve seguir. O principal elemento para se dedicar a uma profissão é a identificação com o que se propõe a fazer.
Só o dinheiro é insuficiente para proporcionar qualidade de vida, o trabalho tem que estar alinhado com valores e objetivos de vida daqueles profissionais.
A falta de identificação com as atividades que desempenha todos os dias pode trazer diversas consequências, como ansiedade generalizada, depressão, entre outros problemas, devido à exposição a um ambiente que é aversivo.
O salário é fator importante sim, para as finalidades práticas da vida, mas tem que ser avaliado de acordo com o que vem junto com ele. O ideal é que ele seja uma consequência daquilo que a pessoa está desenvolvendo por identificação.
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