Comércio dá descontos em produtos “feinhos”
Mercadorias aptas ao consumo, mas que estão com embalagem danificada ou próximos do vencimento, têm preço mais baixo
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Com a alta nos preços dos alimentos e produtos em geral, uma modalidade de venda surge como alternativa para conseguir economizar na hora das compras. Os produtos “feinhos” podem custar até 50% mais barato.
Uma prática comum em muitos estabelecimentos, os produtos que estão próximos da data do vencimento costumam ter seu valor mais baixo e, por isso, são uma alternativa de muitos consumidores que buscam por economia.
Alguns supermercados também têm vendido mais barato aqueles produtos que não estão com a embalagem em perfeitas condições. Apesar da aparência “feinha”, os produtos com as caixas amassadas, porém de qualidade própria ao consumo, têm recebido descontos que variam de 10 a 50%.
O economista Heldo Siqueira acredita que a modalidade de venda é vantajosa para todos os envolvidos. “Para o supermercado é certamente muito bom porque ajuda a movimentar o estoque. Para o consumidor é uma alternativa para economizar”, afirma.
O diretor da Federação do Comércio (Fecomércio-ES), José Carlos Bergamin, conta que as grandes cadeias internacionais que operavam no Brasil já adotavam a prática, de ter o “cantinho da oportunidade” e, agora isso está chegando nos mercados locais.
“É uma tendência sim. Principalmente, em tempos de inflação e de racionalização de custos. Os supermercados também estão imprensados com seus lucros. Então, quanto mais produtos conseguirem colocar no mercado, e evitando que se perca, é melhor para todos”.
O empresário Luiz Coutinho, da Rede de Supermercados Extrabom, explica que os produtos amassados têm dois destinos: a troca com fornecedores ou o “saldo”, caso esteja em perfeitas condições de consumo.
“Nosso grupo sempre reflete antes de retirar qualquer produto. Se for possível pensamos em promover com um preço mais acessível e informamos ao cliente sobre a condição dele. Tudo sempre pensando no cliente”, relata.
A educadora financeira Lorena Milaneze considera que essas são alternativas válidas para as famílias tentarem driblar a inflação.
“O consumidor só deve avaliar a situação do produto, observar o vencimento e todas as informações. É preciso ter cuidado para evitar ser lesado de qualquer forma e assim garantir que está numa condição vantajosa”, relata.

Especialistas fazem alerta com embalagem danificada
Oportunidades de economizar são sempre bem-vindas. Porém, não é todo produto com embalagem danificada que é próprio ao consumo.
A nutricionista Ingrid Kapiche conta que os produtos danificados que precisam receber maior atenção são aqueles que possuem maior teor de água.
“Quanto maior o teor de água, maior a probabilidade de proliferação de micro-organismos e até bactérias. Esses alimentos são frutas, laticínios e enlatados, como atum”, explica.
A orientação é para descartar produtos com embalagens violadas, furadas, rasgadas e enferrujadas. Desta forma, os alimentos ficam expostos a contaminações.
Caso o dano seja pequeno, talvez o produto “ainda tenha esperanças”. Em situações de pequenos amassados, o alimento deve ser transferido para outro recipiente, e armazenado na geladeira. O ideal é consumir o mais breve possível.
O maior perigo é consumir os alimentos que estão em caixas e latas estufadas. Isso porque nelas pode haver gases formados por micro-organismos.
Os especialistas explicam que a condição de estufamento pode ser causado pelo tratamento térmico insuficiente na indústria que o produziu, ou pelo resfriamento inadequado. Além das características da embalagem, é preciso observar sabor, cor e textura do alimento.
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