Com o avanço da vacinação, veja pegadinhas no retorno às viagens
Local ainda fechado para turistas, exigência de quarentena e restrição em atrações são algumas ciladas
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Comprar uma passagem aérea na promoção para um destino que não permite ainda a entrada de turistas. Ser surpreendido com a exigência de dias trancado dentro do hotel em quarentena. Viajar para locais onde as restrições impedem ter acesso às principais atrações.
Estas são as pegadinhas mais frequentes no retorno às viagens com o avanço da vacinação. Sem uma devida pesquisa antes da compra das passagens, é possível cair em ciladas e ter prejuízo.
“Quase todos os países exigem teste negativo para covid-19, principalmente o PCR com até 72 horas de antecedência. Alguns destinos como Colômbia, Dubai e Maldivas aceitam só esse teste, sem necessidade de comprovar vacinação, mas muitos locais são mais rígidos”, diz Guilherme Marinho, diretor de uma agência de viagens no Estado.
Um exemplo de restrição ocorre no Chile, para onde as passagens costumam ser atraentes. Mas viajar ao país exige uma série de burocracias, inclusive aguardar por até 24 horas o resultado negativo do PCR isolado dentro de um hotel, não podendo sair sequer para comer.
Para viagens dentro do Brasil, alguns estados já exigem o “passaporte da vacina”. A medida determina que, para entrar em locais públicos, é preciso apresentar o comprovante de vacinação contra a covid, físico ou digital.
Com a proximidade das festas de fim do ano, é possível que mais estados adotem a medida. Nos últimos dias, o governo do Ceará já informou que planeja exigir a vacinação em um futuro próximo.
Outra pegadinha é a desvalorização do real. Há países em que a moeda brasileira perdeu tanta força que se tornaram destinos impraticáveis para uma viagem econômica. Apesar disso, como a procura por passagens segue desaquecida, as passagens aéreas podem ser um atrativo: cilada certa.
“É possível encontrar destinos com pacotes baratos e, ao chegar lá, o custo de vida ser caríssimo. É o caso do Catar, sede da Copa do Mundo de futebol, em 2022. Mesmo com passagens em conta, é um país caro”, disse o professor de Relações Internacionais da UVV, Daniel Carvalho.

Saber regras de cada local é essencial
A engenheira ambiental Isabela Fadini Castiglioni, de 31 anos, já viajou pelo Brasil e para fora do País desde o início da pandemia, e está sempre de olho nas regras necessárias para entrar em cada local.
“Cada local tem regras diferentes. Para entrar no México, pediram exame de PCR com 72 horas de antecedência. Também foi necessário preencher um formulário online antes de entrar no país, e apresentar a comprovação de que ele foi preenchido”, lembrou Isabela.
Para entrar no Brasil, também é necessário apresentar teste negativo – de PCR ou antígeno – e preencher um formulário da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). “Ou seja, tive que buscar algum lugar para fazer o teste, é importante pesquisar antes. Outra dica é checar se as atrações que deseja visitar, como parques e museus, estão abertas”.
Gasto extra em caso de exame positivo para covid
Último dia de viagem. O turista sente-se bem e faz o teste para comprovar que não tem a covid. Mas o exame mostra o contrário. O passageiro, então, é proibido de seguir viagem e tem de ficar isolado em um hotel. Por vários dias.
Esta é uma situação que pode ocorrer e provoca prejuízos financeiros e profissionais. Há quem tenha de ficar vários dias afastado do trabalho por não poder retornar de viagem, fora os gastos extras com hospedagem e alimentação.
Essa situação ocorre, sobretudo, em destinos internacionais. É importante estar atento às notícias e aos comunicados emitidos pelo consulado ou embaixada brasileira no país de destino.
“As regras para entrada em diversos países estão sempre mudando. Apesar de o cenário estar melhorando, ainda estamos em pandemia, e é possível que haja um agravamento dos casos, Então é bom ficar atento”, ressaltou Daniel Carvalho, professor de Relações Internacionais da UVV.
Ele recomenda que, por telefone ou por meio dos sites oficiais do consulado, embaixada ou companhia aérea, os turistas se informem sobre que tipo de vacina o país está aceitando, por exemplo.
“Alguns não aceitam a Coronavac, por exemplo, então quem tomou essa vacina provavelmente vai precisar apresentar o teste PCR negativo. Alguns países exigem a vacina e o teste, outros têm um período obrigatório de quarentena”.
O comprovante da vacinação é um documento digital emitido pelo aplicativo “Conecta SUS”, disponível para download nos sistemas android e iOS. É possível baixar o comprovante em português, inglês e espanhol. Na hora de voltar para cá, o Brasil exige teste negativo para covid.
SAIBA MAIS
Teste de covid
- Tenha atenção ao tipo de teste exigido pelo local de destino, e com quanto tempo de antecedência ele deve ser realizado.
- Há o teste de antígeno, mais rápido, que pode ser feito com 48 horas de antecedência, mas a maioria dos locais exige o PCR, feito até 72 horas antes da viagem.
Comprovante de vacinação
- A maioria dos países exige o teste negativo de covid-19 ou o comprovante de imunização completa, ou seja, mínimo de 14 dias após a segunda dose.
- No caso da Janssen, esse prazo pode ser um pouco maior, de 21 a 28 dias após a dose única.
- Atenção: alguns países não aceitam a entrada de pessoas imunizadas com a Coronavac. Quem recebeu as doses dessa vacina provavelmente terá que apresentar o exame negativo para covid-19.
- Pelo aplicativo Conecta SUS, é possível emitir o comprovante de vacinação em português, inglês e espanhol. É esse certificado que o viajante deve apresentar.
- Dentro do Brasil, estados como Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Tocantins já exigem o comprovante de vacina para frequentar alguns eventos e locais públicos.
Quarentena
- Caso o turista vá viajar despreparado, sem ter feito o teste de antígeno ou PCR, ele pode ter que ficar de quarentena, isolado em um quarto de hotel, até a divulgação do resultado do teste.
- O período de quarentena fica por conta do viajante, que deve pagar a hospedagem.
- Alguns países exigem a quarentena mesmo se o turista apresentar teste negativo.
Seguro saúde
- Países europeus exigem que o turista tenha contratado um seguro saúde por um valor mínimo para poder viajar. É possível se informar em uma agência de viagens.
- Outros locais exigem que o turista prove que pode arcar com despesas hospitalares de emergência.
- Mesmo que o país de destino não exija seguro saúde, é importante contratar um. Caso o turista seja contaminado, a conta pode ficar bem mais cara sem o seguro.
Real desvalorizado
- Pesquise os custos de hospedagem e alimentação antes de comprar as passagens, e não espere antes de comprar dólares ou euros, porque a cotação não deve baixar tão cedo.
Retorno ao Brasil
- Lembre-se que, para voltar ao País, é preciso apresentar teste negativo para covid-19. Proteja-se e procure um local no país de destino para fazer o teste.
Fonte: Especialistas entrevistados
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