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A Tribuna na Escola

Higienização correta nas escolas: o que os pais precisam saber


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Quase um ano depois que as aulas presenciais foram suspensas no Brasil, boa parte das escolas públicas e privadas começam a receber de volta seus estudantes. Embora ainda gere debates, a retomada das atividades escolares no modo presencial é defendida por instituições como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por exemplo. Em um comunicado recente, a SBP pede que as autoridades governamentais se unam para garantir as condições necessárias para que essa retomada seja segura e saudável para todos.

Com o retorno dos alunos, professores e funcionários, as unidades de ensino precisam ter protocolos rígidos de limpeza e desinfecção em todos os seus ambientes. Para o doutor em ciências biológicas e coordenador dos cursos de limpeza profissional da Fundação de Asseio e Conservação, Serviços Especializados e Facilites (Facop), Mário Guedes, a higienização correta é uma das ferramentas imprescindíveis para o combate à disseminação da Covid-19. “É ela que vai manter o ambiente com o menor risco de contaminação possível”, afirma. No entanto, para que esses locais sejam realmente seguros, a colaboração de todos que o frequentam é indispensável. “A conduta dos funcionários, alunos, pais e familiares pode afetar grandemente a possibilidade de que algum frequentador da escola seja disseminador da Covid-19”, alerta.

O especialista esclarece algumas dúvidas importantes para que todos permaneçam seguros na volta às escolas. Em primeiro lugar, é preciso entender quais medidas de prevenção são realmente eficazes e quais não têm efeito prático. Muitas escolas estão adotando o uso de tapetes sanitizantes na entrada, para limpar as solas dos calçados e, assim, reduzir a contaminação no interior das unidades, por exemplo. Guedes, no entanto, lembra que a eficácia desse recurso não está comprovada. “Mesmo que o produto utilizado nesses tapetes seja o adequado, seria preciso mais tempo de contato com o calçado para que ele fizesse efeito”, explica. Segundo o especialista, também não funcionam medidas como túneis de desinfecção, aplicação de ozônio ou luz UV.

Como manter os ambientes limpos de verdade?

A higienização é uma arma poderosa no combate à contaminação por vírus e bactérias, mas precisa ser feita com os equipamentos, técnicas e produtos corretos. Por isso, é tão importante ter profissionais de limpeza devidamente preparados para cumprir com todos os procedimentos necessários e garantir que os ambientes estarão não apenas limpos, mas higienizados de verdade.

“Apenas o álcool em gel não é suficiente para manter as superfícies limpas e desinfetadas. O procedimento básico começa pela limpeza, que é a remoção da sujidade com detergentes ou produtos multiuso. Depois vem a desinfecção, que consiste na eliminação de microrganismos, com a utilização de produtos desinfetantes”, detalha o especialista. Ele também ressalta que cada produto tem suas indicações de uso, diluição e tempo de ação e que essas orientações precisam ser seguidas para que a aplicação seja eficaz.

Guedes orienta que, nas escolas, assim como em outros espaços, uma das maiores preocupações deve ser com as superfícies de alto toque, ou seja, aquelas em que várias pessoas colocam a mão com frequência. Estão nessa lista maçanetas, mesas, interruptores, corrimãos, entre outras. “Vale lembrar que existem diversas normas técnicas e orientações dos órgãos de saúde federais, estaduais e outros, garantindo práticas seguras mínimas para a higienização de espaços escolares e que a higienização de superfícies deve ser alinhada a um procedimento operacional, que determina como e quando a limpeza e desinfecção serão realizadas”, destaca.

Qual a frequência correta de higienização?

Ainda que as equipes profissionais de limpeza façam a higienização adequadamente, é preciso refazer esses processos com alguma frequência. Segundo Guedes, essa frequência depende do fluxo de pessoas do local, do número de usuários de cada ambiente, bem como de quais produtos e equipamentos são utilizados e quantas pessoas realizam os procedimentos de limpeza. Ele detalha que, a partir do momento em que a superfície é higienizada, ela pode ser contaminada com um simples toque. "Por isso, a limpeza deve ser feita ao menos uma vez ao dia, enquanto a desinfecção precisa ser realizada após a limpeza e logo após o uso, como nos intervalos entre as aulas, entrada e saída dos alunos, saída e entrada para o lanche ou almoço, troca de professores, entre outros", orienta.

Uniformes, máscaras e material escolar

Além dos procedimentos de higienização dos ambientes, a volta à escola traz desafios para os pais e responsáveis quanto à higienização e utilização correta de itens como os uniformes, as máscaras, as mochilas e o material escolar. O especialista explica que, neste momento, o melhor é lavar o uniforme todos os dias. “O tecido das roupas pode carregar sujidade e contaminação para dentro das residências. Por isso, agora é indicado alternar o uso dos uniformes e não deixar que essas peças de roupas entrem em contato com outras. Se for possível, o ideal é lavar os uniformes separadamente. Também é fundamental tomar cuidado na hora de retirar o uniforme, evitando que ele tenha contato com nariz, boca e olhos", alerta.

As máscaras são outra proteção essencial enquanto durar a pandemia. A orientação dos órgãos de saúde é que os estudantes levem uma máscara para cada duas horas que for passar na escola e, se possível, até algumas sobressalentes. Afinal, elas devem ser trocadas sempre que estiverem sujas ou úmidas, devido à respiração ou ao suor. Quando retiradas, elas devem ser colocadas em uma bolsa ou sacola plástica, separadas das máscaras limpas e materiais escolares. Ao chegar em casa, as máscaras usadas devem ser lavadas corretamente. “Lave com detergente neutro, deixe de molho por dez minutos, depois passe-as por um desinfetante de uso geral, deixe de molho por mais dez minutos, enxágue e deixe secar”, ensina o coordenador dos cursos de limpeza profissional da Facop.

Algumas escolhas que pareciam simples antes do surgimento do novo coronavírus, agora também precisam de um pouco mais de atenção. O especialista pontua, por exemplo, que, ao escolher mochilas e materiais escolares, é melhor optar por materiais e tecidos resistentes, que possam ser higienizados com frequência. “Objetos como cadernos, livros e canetas podem ser higienizados assim que o aluno chegar em casa, enquanto a mochila pode ficar em uma ‘área suja’, aquela que não tem contato com o restante da residência. No entanto, é necessário realizar os processos de higienização de mochilas e bolsas antes de voltar à escola, no dia seguinte”, detalha.

Hora do lanche e uso dos banheiros

Pais, responsáveis e professores precisam orientar os estudantes de todas as idades sobre os procedimentos corretos na hora de se alimentar na escola ou utilizar os banheiros. No caso do lanche, as crianças devem lavar as mãos com água e sabão ou higienizá-las com álcool em gel 70% antes de retirar ou colocar a máscara. Não se deve deixar a máscara usada em cima da bancada ou no bolso e os alimentos devem ser acondicionados em recipiente adequado. Para aumentar a segurança, é indicado higienizar a superfície da mesa antes do uso. Alimentos e utensílios de alimentação, como copos e talheres, não devem ser compartilhados.

Nos banheiros, é preciso lavar as mãos antes e depois do uso, manter-se distante de outras pessoas, evitar usar toalhas compartilhadas para secar as mãos. Superfícies como as saboneteiras, dispensers de sabonete e de papel higiênico, botões de descarga, tampas dos vasos, trincos das portas e torneiras devem ser higienizadas com frequência, ao menos antes e depois dos intervalos de maior movimento de alunos. Quem costuma escovar os dentes na escola precisa ter ainda mais cuidado, evitando fazer isso na presença de muitas pessoas e não colocar a boca diretamente na torneira para o enxágue, em hipótese alguma.

Espaços arejados e distanciamento

Embora esse retorno tenha sido muito aguardado pelas crianças, é importante lembrar que a pandemia não acabou e ainda é necessário permanecer distante dos professores e colegas. As portas e janelas devem estar sempre abertas para que o ar circule e os bebedouros devem ser higienizados frequentemente e só podem ser usados com garrafas individuais.Guedes também enfatiza que manter o ambiente escolar seguro contra a contaminação é responsabilidade de todos. “O comportamento de risco das famílias e profissionais, dentro e fora da escola, determinará o grau de risco de contaminação dentro da escola. Por isso, as atitudes precisam ser alinhadas e a sociedade deve seguir as regras de distanciamento social e as boas práticas para assegurar que todos permanecerão saudáveis, mesmo com as aulas presenciais”.

Sobre a Facop

A Fundação do Asseio e Conservação, Serviços Especializados e Facilities (FACOP) é o resultado da união dos sindicatos patronal (SEAC-PR) e laboral (Siemaco) do setor do asseio e conservação. Ela funciona com três unidades de negócio - Centro de Educação Profissional Nahyr Kalckmann de Arruda (CEPNKA), Central de Empregos, e SESMT Coletivo - de modo a prestar apoio ao setor na capacitação, encaminhamento para vagas de emprego e medicina e segurança do trabalho. A Facop trabalha com a educação e a profissionalização como ferramenta para a emancipação social e a melhoria constante dos serviços oferecidos pelas empresas. Desde sua fundação, em 2002, já são mais de 70 mil certificados emitidos pela instituição. Em breve, a Facop vai lançar o primeiro Museu da Limpeza Profissional em todo o mundo, que conta a história do setor.

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