Saiba como funciona a Coronavac, vacina que será testada no Brasil
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O governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (11) uma parceria do Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac para testar e produzir uma vacina contra o coronavírus tão logo esta exista e esteja aprovada para uso.
A Coronavac, como a vacina é chamada, é a segunda vacina que será testada e pode ser produzida no estado, se aprovada. A outra será testada dentro de uma parceria da Universidade de Oxford (Reino Unido) com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Atualmente, a vacina do laboratório se encontra na fase três. Em nota divulgada em seu site, Sinovac afirma que a vacina foi eficiente na proteção de macacos rhesus.
A vacina é formada pelo vírus Sars-CoV-2 isolado, multiplicado e inativado no laboratório chinês. Recentemente, a empresa recebeu autorização na China para testes em humanos, para verificar segurança, tolerância, dosagem e agenda de imunização. Foram realizados testes no país chinês da fase 1, com 144 voluntários, e 2, com 600 voluntários, e agora a empresa irá conduzir os testes da fase 3 no Brasil em cooperação com o Instituto Butantan.

Segundo o governo, existem 136 vacinas para o coronavírus em desenvolvimento e 10 em estudos clínicos. "A nossa parceria é com a Sinovac, que é uma vacina de vírus inativado, já teve fase 1 e 2 concluídas na China. Vamos fazer agora a fase 3 no Brasil, com 9.000 voluntários", disse Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.
"Um coronavírus é introduzido em uma célula, essa célula é cultivada em laboratório, o vírus se multiplica. No final, o vírus é inativado e incorporado na vacina. É uma das vacinas em desenvolvimento em estágio mais avançado do mundo", acrescentou. Segundo ele, não há vírus vivos na vacina, apenas fragmentos.
Segundo Luciana Leite, diretora do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do instituto, a fórmula com o vírus total inativado é semelhante à utilizada para a produção da vacina da raiva. "O Butantan possui o conhecimento tecnológico para desenvolvimento de vacinas semelhantes a essa e irá montar o plano de produção em larga-escala tão logo os resultados da terceira fase de testes se mostrem eficazes."
Leite explica que para a testagem da imunização em seres humanos na terceira fase do ensaio clínico é necessário que o país possua ainda uma alta transmissão do vírus na população, por isso será realizada no Brasil. "A China testou as fases 1 e 2, mas como não existem mais casos no país, é preciso testar a terceira fase em um local com o vírus circulante."
O ensaio, no entanto, pode demorar de seis meses a um ano, e não deve ser acelerada a fase de testes. "É sempre bom ter esperança e otimismo, mas tem que ter o realismo de saber que tem etapas que não podem ser encurtadas", completa.
O acordo prevê que a vacina final, se comprovada sua eficácia, será produzida pelo Instituto Butantan e ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
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