Hospitais no Estado usam pulmão artificial para tratar pacientes com Covid
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Nos últimos dias, a utilização de uma terapia no tratamento de pacientes com Covid-19 ganhou destaque na mídia. A Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO, sigla em inglês) é o recuso que começou a ser empregado pela equipe médica que cuida do ator Paulo Gustavo, após ele apresentar uma piora no quadro de saúde na última semana.
No Espírito Santo, alguns hospitais da rede privada já utilizavam essa terapia em pacientes antes da pandemia. A enfermeira perfusionista e especialista em ECMO, Rozeli Brandão, explica que a máquina funciona como um pulmão artificial para o paciente e já vem sendo usada há mais de 10 anos no Estado.

“É uma máquina que tem como função a retirada do sangue do paciente, através de um dispositivo. O sangue é retirado da veia, passa pelo circuito por uma membrana, que funciona como pulmão artificial, que troca o gás carbônico pelo oxigênio, que é o que o pulmão faria, e esse sangue é devolvido ao paciente já oxigenado”, explicou ela.
A ideia do equipamento é possibilitar um descanso para o pulmão do paciente para que o órgão possa se recuperar. “Esse dispositivo não trata o paciente, ele dá um tempo maior para que o pulmão se recupere. Esse pulmão não precisa trabalhar para oxigenar o corpo. Assim, ele pode descansar e responder aos antibióticos”, ensina Rozeli.
Com o crescimento no número de casos de Covid-19 e o aumento na demanda por internações, essa técnica começou a ser utilizada também em alguns pacientes na rede privada. “Tem sido utilizado no caso de Covid-19 e temos casos de sucesso”, revelou ela.
Essa técnica também é usada em alguns casos de transplante, segundo médico Heber Souza Melo Silva, que faz parte da equipe de transplantes de um hospital particular de Cariacica chefiada pelo cirurgião cardiovascular Melchior Luiz Lima.
Heber explica que o equipamento tem capacidade de funcionar como suporte cardíaco também.
O médico revela que essa terapia já havia sido utilizada há alguns anos, quando houve um surto de H1N1 no País. No entanto, Heber reforça que o pulmão artificial não é um recurso que atende todos os casos.

"Às vezes, com essa terapia, você aumenta o risco do paciente, porque é uma terapia complexa. É preciso uma avaliação conjunta, que se faz com a equipe da terapia intensiva. Alguns pacientes não têm essa indicação, porque ela pode ser mais maléfica do que benéfica para ele. A intenção sempre no tratamento é trazer benefício para o paciente. Não é porque para um serviu que vai servir para o outro", frisa ele.
O médico ressalta que o uso da máquina é complexo e de alto custo. "Ele não é cura, ele é um tratamento assim como outros, por exemplo o antibiótico e o ventilador mecânico", reforçou.
A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para saber se essa técnica tem sido utilizada também em hospitais da rede pública. Em nota, a pasta respondeu que o “procedimento ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) não é padronizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”.
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