Grávidas mudam rotina e redobram cuidados
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Na reta final da gravidez, gestantes do Estado estão com a rotina diferenciada e cuidados especiais para ter um parto tranquilo. Entre as medidas citadas por médicos e doulas estão trocar hospitais por maternidades menores, aumentar os cuidados com a higienização e ter apenas um acompanhante no momento do parto.
Outra recomendação é que as gestantes esperem a hora certa de irem para o hospital, a fim de não ficarem muito tempo no ambiente hospitalar. Nos casos em que a grávida não precisa de indução para ter o bebê, o trabalho de parto pode e deve começar em casa.
Apesar disso, muitas gestantes estão aflitas com a possibilidade de colapso do sistema de saúde do País, devido ao coronavírus, e querem adiantar o momento ou fazer cesárea.
De acordo com a doula e fisioterapeuta especialista em Saúde da Mulher, Thais Ramos Dias, a atitude não é viável.
“Apesar de os bebês que nascerem entre a 37ª e a 42ª semana não serem considerados prematuros, podem ter o problema da imaturidade pulmonar. Se não esperamos o bebê dar sinais de que está pronto para nascer e que o pulmão dele, que é o último a amadurecer, está pronto, pode precisar de uma assistência respiratória e até mesmo de ir para a UTI”, explicou.
Os obstetras Anna Carolina Bimbato e Fernando Guedes acrescentam que as grávidas e puérperas, isto é, mães de recém-nascidos, precisam tomar cuidados especiais neste momento, tendo em vista que ainda não se sabe os efeitos do vírus na gravidez.
“O ideal é que redobrem os cuidados com higiene e tenham o menor contato possível com pessoas do meio externo, pois grande parte das pessoas vão manifestar o vírus de forma assintomática e podem transmitir a essas gestantes”, pontuou Fernando.
Anna Carolina reforçou, ainda, a necessidade de evitar locais como pronto-socorro, entre outras unidades de saúde, por conta de sintomas simples relacionados à gravidez, como dores de cabeça e corrimento. “Entre em contato com seu médico antes de sair de casa. Ele vai orientar a melhor conduta”, recomendou.
Limpeza reforçada nos quartos

A fim de relaxar e ficar menos ansiosa sobre as notícias do coronavírus, a empresária Nazha Tackla, 31 anos, gestante de 38 semanas, decidiu fazer meditação.
“Está sendo muito bom, porque ajuda a me tranquilizar e posso focar na minha filha, já que é um momento para eu estar conectada a ela. Meditar ajuda também na preparação psicológica para o parto normal”, relatou.
Nazha, que está esperando a filha Maria Augusta, disse que vem fazendo exercícios preparatórios a fim de melhorar a respiração e encaixar o bebê em seu corpo corretamente para o parto.
“Também não estou saindo de casa e a limpeza está ainda mais reforçada”, acrescentou.
ALGUNS CUIDADOS
Pré-parto
Ocupe a mente para diminuir a ansiedade com o parto e a situação com o coronavírus. Ler livros, direcionados ao parto ou não, e dançar são boas ocupações.
Se informe sobre o parto e o pós-parto. Quanto mais entender o que irá passar, poderá se acalmar e compreender que as situações não estão fora de controle.
Movimente o seu corpo, faça exercícios direcionados e supervisionados para trabalhá-lo, a fim de diminuir as dores e melhorar a sensação de bem-estar com a liberação de endorfina. Essas atividades podem facilitar a descida do bebê.
Não vá antes da hora para o hospital. O momento mínimo para hospitalizar é quando a paciente tiver uma contração a cada cinco minutos e com mais de quatro centímetros de dilatação.
Parto
Dê preferência para o parto normal, sempre que possível. Dessa forma, há a diminuição do risco de infecções, que podem comprometer ainda mais a imunidade.
Se houver falta de ar, porém, a cesárea pode ser a melhor opção. Converse com seu médico a respeito.
De maneira geral, as visitas durante a permanência no hospital estão suspensas.
Quanto ao acompanhante, é recomendado que seja apenas uma pessoa. É importante que não seja um idoso e nem uma pessoa com sintomas gripais.
Pós-parto
Após o parto, a mulher tem a imunidade fragilizada, assim como o bebê, cujo sistema imunológico ainda não está bem desenvolvido.
Não receba visitas. Haverá tempo para conhecer o bebê depois.
Em hospitais onde os espaços de alojamento conjunto são compartilhados, o Ministério da Saúde sugere suspender visitas e a presença de acompanhante, como medida de redução da aglomeração e proteção à mãe e ao bebê internados.
Nos locais onde há como ter o distanciamento entre os internados, ou com acomodações privadas, a recomendação é a que seja um único acompanhante, assintomático e sem contato domiciliar de pessoa com síndrome gripal ou infecção respiratória comprovada por coronavírus.
Mães Que não apresentam sintomas do coronavírus e que não tenham contato domiciliar com pessoas com síndrome gripal ou infecção respiratória comprovada pela Covid-19 podem ter contato normal com o bebê.
No caso de mães com sintomas da Covid-19 ou que tiveram contato com alguém que também tenha, o contato pele a pele deverá ser suspenso e a amamentação acontecer mediante os cuidados de higiene e das medidas preventivas.
Além disso, no caso de mães com sintomas de síndrome gripal, deve haver a distância mínima de um metro entre o leito materno e o berço do recém-nascido. A mãe com sintomas também deve usar máscara durante o contato com o bebê e ter cuidados de higienização na amamentação.
Sem visitas

Para evitar aglomerações, a assessora parlamentar Ludmila Velloso, 30 anos, e o encarregado operacional Kelvyn Madeira, 28, estão evitando receber visitas, uma vez que o filho Rafael só tem uma semana de vida.
“Tomamos essa decisão para não colocarmos a vida do nosso filho e da nossa família em risco”, explicou Ludmila.
Fonte: Especialistas consultados e Ministério da Saúde.
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