Governo estuda exigir comprovante de vacina contra covid nas escolas
Escute essa reportagem
Com o avanço da imunização contra a covid-19, o governo do Estado já estuda a cobrança do comprovante de vacinação para matrículas em escolas a partir de 2022.
O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, explicou que o cartão de vacinação em dia é cobrado hoje para fazer matrículas em escolas no Espírito Santo.
A lei que estabelece essa obrigatoriedade nas escolas das redes pública e privada foi sancionada em 2018, pelo governo estadual. “O que estamos avaliando é uma atualização na legislação para passar a cobrar também a vacina contra a covid-19 para os grupos em que o imunizante estiver disponível.”
E completou: “Não é algo novo. A vacinação de crianças e adolescentes é cobrada até para a concessão de benefício como Bolsa Família.”
O objetivo da medida em estudo seria estimular a vacinação para controle maior da pandemia.
No País, a vacinação contra a covid está liberada, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para os que têm de 12 a 17 anos com imunizantes da Pfizer.
Para o secretário, ainda é possível que a vacinação seja ampliada para pessoas de menor idade ainda este ano, caso a Anvisa libere.
A Pfizer anunciou esta semana que a vacina é segura e induziu resposta imune “robusta” em crianças de 5 a 11 anos. Os dados são preliminares.
A Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, já é aplicada na China para crianças a partir de 3 anos. A Anvisa até o momento não liberou o imunizante para o público.
No Estado, a vacinação a partir dos 12 anos em geral está sendo realizada desde a última semana, mesmo após o Ministério da Saúde ter deixado de recomendar a aplicação de doses em adolescentes sem doenças preexistentes.
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, no entanto, determinou ontem que estados e municípios podem decidir sobre o tema.
O presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Estado, Moacir Lellis, afirmou que o cartão de vacinação já é exigido pelas escolas. “Se for definida a exigência da vacina contra a covid-19, deverá ser cobrada.”
Médicos apoiam proposta do Estado
A possibilidade de exigência de um comprovante de vacinação contra a covid-19 nas escolas no próximo ano é vista pelos médicos como positiva, uma vez que é uma forma de estimular a imunização.
De acordo com o presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Espírito Santo, Alexandre Rodrigues da Silva, essa medida de saúde pública já é adotada para diversas outras vacinas, em escolas, durante viagens internacionais e até na admissão em empregos.
“A vacinação não visa apenas à proteção de um indivíduo e sim de toda uma comunidade e, por isso, o bem comum prevalece sobre o direito individual”, salientou.
O pediatra e coordenador da Região Sudeste da Sociedade Brasileira de Pediatria, Rodrigo Aboudib, ressaltou que, pessoalmente, acha ser uma excelente iniciativa.
“Estamos observando no mundo todo posturas que incluem um 'duo': liberação das atividades com a exigência na apresentação dos comprovantes vacinais.”
Ele reforçou que as agências regulatórias, bem como as sociedades de especialidades, como a de Pediatria, a de Infectologia e a de Imunização, são unânimes em defenderem a importância e a necessidade da vacinação dos adolescentes.
Para a infectologista Ana Carolina D'Ettorres, qualquer medida que estimule a vacinação é benéfica.
Mas, pontuou que as medidas cabíveis para as pessoas que não apresentarem esse comprovante deverão ser definidas pelo governo do Estado.
“Lembrando que não podemos nos esquecer das outras vacinas. Baixar as coberturas vacinais põe em risco retornar à circulação de outras doenças que já não circulam mais, como sarampo e poliomielite”, destacou a médica.

Adolescente preocupada com os avós
Ao saber que os pais conseguiram agendar a primeira dose da vacina contra a covid-19, as sensações da estudante Julia Serafim Moraes, 12 anos, foram de felicidade e ansiedade para o momento.
Julia recebeu o imunizante ontem, acompanhada do pai, o advogado Denys Rangel Moraes, 51. “Ela ficou feliz com a vacinação, principalmente porque tem convivência com os avós, que são idosos, e sempre teve essa preocupação”, contou o pai.
Denys disse que a sensação de ver a filha vacinada foi de alívio, já que há riscos de qualquer pessoa ser acometida pela doença. “É certo que a vacina não vai impedir de as pessoas pegarem a covid, mas os efeitos, se vierem a ocorrer, na maioria das vezes são atenuados”, ressaltou.

Comemoração
Na expectativa de abrir o agendamento para adolescentes, a auxiliar de secretaria escolar Sônia Fernanda Fagundes, de 47 anos, já estava tentando uma vaga 30 minutos antes de serem disponibilizadas.
E ela conseguiu. O filho, Arthur Fagundes, de 14 anos, comemorou ontem a aplicação da vacina. “Como trabalho em escola e ele está estudando, acho importante cobrar que todos se vacinem também.”
Comentários