Está trabalhando demais no home office? Cuidado com a Síndrome de Burnout
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A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) mudou a rotina e muitas pessoas precisaram adotar um novo método de trabalho: o home office, ou trabalho realizado de casa. Se você é uma dessas pessoas, precisa ficar atenta à Síndrome de Burnout.
De acordo com a psicóloga Gabriela Boldrini, a síndrome é um estado de esgotamento ou tensão emocional que está ligada especificamente às questões de trabalho.
"É sempre importante que se leve em consideração o contexto no qual aquela pessoa está inserida no momento, porque vão existir alguns fatores de risco que podem facilitar que ocorra esse estado de intenso esgotamento emocional", disse Gabriela.
A psicóloga ainda destaca que o cenário da pandemia é de muita incerteza e pode fazer com que as pessoas se sintam vulneráveis, uma vez que é difícil lidar com aquilo que não se conhece. Então, esse quadro associado ao home office, que pode estar acompanhado de um excesso de trabalho, é um "campo fértil" para a manifestação da Síndrome de Burnout.

"Existe uma tendência de que as pessoas em home office não 'desliguem'. Quando você está em casa, você não tem aquele horário marcado, em que chega no trabalho e tem horário para sair", afirmou.
Por isso, o psiquiatra Edson Kruger Batista afirma que essa dinâmica do home office requer uma organização do ambiente e das demandas.
"Se eu não me organizo, eu acabo me exaurindo. Um problema acaba emendando ao outro e a gente não consegue fazer aquelas paradas essenciais, que são muito bem-vindas para a nossa saúde", diz o médico.
Algumas características próprias podem gerar uma zona de risco maior para o sofrimento mental em relação ao esgotamento, explica Edson Kruger.
"Isso vale para pessoas que são mais esforçadas, que demandam uma maior carga de energia para a realização daquele trabalho, que têm mais dificuldades para lidar com a frustração, para delegar tarefas e pessoas mais sensíveis. Tudo isso pode facilitar o esgotamento".
Sintomas
De acordo com Edson Kruger e com Gabriela Boldrini, alguns sintomas são mais recorrentes na Síndrome de Burnout. "O completo estado de exaustão pode vir acompanhado tanto de sintomas físicos quanto sintomas mentais", alerta a psicóloga.
Físicos
- Insônia;
- Falta de apetite;
- Falta de concentração;
- Pode vir acompanhado também de algumas doenças, como gastrite e crise de asma, se a pessoa já tem uma pré-disposição.
- Falta de força.
Emocionais
- Mudança de humor;
- Intensa irritabilidade;
- Dificuldade de se relacionar com outras pessoas;
- Falta de alegria;
- Sensação de apatia;
- Desânimo;
- Sensação de fracasso.
Fonte: psicóloga Gabriela Boldrini e psiquiatra Edson Kruger
Tratamento
Para tratar a síndrome, os especialistas precisam traçar um perfil de como a pessoa chegou aquele quadro e quais as bases psicológicas de cada indivíduo.
"O esgotamento é uma condição de saúde que tende a ser temporária se você para de sobrecarregar aquele sistema nervoso, em função de mudança de hábitos", disse Edson.

Gabriela destaca a importância de que o tratamento não seja focado somente no âmbito individual porque a síndrome não é uma doença da pessoa, mas sim um conjunto de sintomas que está relacionado ao ambiente de trabalho dela e como ela lida com ele.
"Por isso é interessante que, se possível, haja uma mudança no ambiente em que a pessoa está. Além disso, a Psicoterapia também é muito indicada, atividades físicas e outras práticas complementares. Caso o estado da síndrome esteja muito desenvolvido, também entramos com os medicamentos", destacou.
Na psiquiatria, Edson afirma que o primeiro passo é afastar esse paciente do fator de risco.
"Quando há uma condição psiquiatrica por trás, que necessita de um tratamento, como uma depressão associada à síndrome, uma ansiedade generalizada, transtorno do pânico, você precisa tratar essa condição em associação ao tratamento das condições de trabalho que esteja envolvido aquele indivíduo", afirma o médico.
Como se prevenir
- É importante estabelecer limites de horário de trabalho;
- Tentar manter ao máximo a rotina que costumava ter quando trabalhava fora de casa;
- Estabelecer o horário que vai estar disponível para o trabalho;
- Organizar a rotina é importante: trabalho, atividades de casa, sono, alimentação, etc.
- Reservar momentos do dia para o lazer.
Fonte: psicóloga Gabriela Boldrini
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