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Leitores do Jornal A Tribuna

Tela demais, tempo de menos: a lógica das gerações Alpha e Z

Jovens passam até 1.440 horas por ano no celular — e o impacto vai muito além da tela

Felipe Dall’orto | 06/08/2025, 12:44 h | Atualizado em 06/08/2025, 12:44

Imagem ilustrativa da imagem Tela demais, tempo de menos: a lógica das gerações Alpha e Z
Felipe Dall’orto é doutor em Estudos Culturais pela Universidade do Minho (Portugal), mestre em Artes Cênicas e professor universitário dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda. |  Foto: Arquivo/AT

Sou de humanas e recentemente me aventurei no universo da matemática para fazer uma conta simples, mas que mostra um resultado complexo: 4 x 30 x 12. O resultado? 1.440. Esse é o número de horas que um adolescente/jovem entre 13 a 29 anos pode passar, em 1 ano, olhando para a tela do celular, se ficar apenas 4 horas por dia conectado.

Parece exagero? Pois saiba que esse número está abaixo da média do tempo de uso dos dispositivos móveis entre adolescentes e jovens brasileiros. Estamos falando de quase um sexto do ano inteiro, ou, se preferir, dois meses inteiros colados no ambiente virtual.

Não se trata aqui de culpabilizar a tecnologia. Afinal, ela faz parte da nossa vida, está no trabalho, nas relações sociais, na forma como consumimos informação e, ultimamente, até no modo como sentimos. O problema é que uma parcela significativa dos jovens tem substituído os encontros por curtidas, o bate papo por notificação, o ócio criativo pela rolagem infinita.

As gerações Alpha (nascidos a partir de 2010) e Z (1995 a 2010) já chegaram ao mundo conectados. Cresceram entre smartphones e redes sociais, adaptadas em um ritmo da vida acelerado, mas que nem sempre se aprofunda. Para muitos, estar on-line é sinônimo de estar vivo. Fora dali, há silêncio, isolamento, insegurança e a impressão de que todo mundo é mais bonito, mais feliz e mais bem-sucedido.

Pesquisas recentes mostram como o excesso de tela tem provocado uma geração ansiosa e cada vez mais isolada socialmente, pois o mundo das redes sociais vende filtros, não afetos. Tudo tem acontecido rapidamente, mas a cabeça dessas crianças e adolescentes continua se formando no mesmo ritmo de sempre, envolta em dúvidas, perguntas e desejos. E, nessa pressa toda, o que se tem perdido é a capacidade de pausar. A pausa para sentir, para errar, para descobrir quem se é sem depender do olhar e da validação do outro.

Essa fase da vida é o lugar de descobertas e construção de identidades. Só que, agora, essas identidades são moldadas por algoritmos que mostram mais do mesmo e, sem perceber, passam a se sentir pressionados a se encaixar em um padrão inalcançável, onde ser diferente é quase um erro de cálculo.

A conta é simples: temos de promover mais debates e perguntas que não devem ser respondidas pelos algoritmos, criar mais espaços em que crianças, adolescentes e jovens possam experimentar o mundo com mais profundidade e construir vínculos reais, para que possam aprender a estar presentes, mesmo que isso signifique ficar um tempo fora da tela.

É urgente olhar para essas gerações com empatia e responsabilidade. Não basta dizer “largue o celular”. Precisamos oferecer alternativas significativas: espaços de escuta, manifestações artísticas, convivência e até de ócio. Sim, vamos nos permitir sentir tédio. Porque, muitas vezes, é no vazio que a criatividade se manifesta. É na ausência de estímulos que o pensamento amadurece.

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