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Leitores do Jornal A Tribuna

Riqueza da Ucrânia a torna alvo da Rússia e da União Europeia

Flávio Santos Oliveira | 10/03/2022, 09:29 h | Atualizado em 10/03/2022, 09:31

Uma das características centrais do pensamento geopolítico clássico é seu modo peculiar de interpretar o mundo como estruturas geográficas passivas de novas configurações políticas, já que as representações espaciais, a percepção de distância e das estimativas e, é claro, os potenciais de riqueza de certas regiões, aguçam os interesses econômicos e influenciam as ações dos atores políticos.
As relações entre os Estados são expressas, por conseguinte, em termos de “Geo”, o qual não deve ser entendido no mero sentido estático de área ou região, mas sim na acepção dinâmica multidimensional de “campo de força”, em que os diversos organismos governamentais ambicionam maior espaço territorial como forma de aumentar o seu poder político.

De fato, a Geopolítica ocupa posição de destaque no rol das Ciências do Estado, ao fornecer informações imprescindíveis às estratégicas militares de governo, sendo, portanto, campo analítico indispensável à deliberação da política externa, no cenário mundial, em proveito dos “interesses nacionais”, constituindo elemento explicativo para muitos casos de guerras, como a do Iraque, protagonizada pelos Estados Unidos, em 2003.

A invasão da Ucrânia pela Rússia nos últimos dias, trouxe à tona o debate sobre os clássicos da Geopolítica. A esse respeito, merece destaque a contribuição do inglês Halford J. Mackinder (1861-1947), o qual, percebendo o declínio da Inglaterra como potência marítima, concebeu a tese de que a riqueza e o poder não repousam sobre o domínio do mar, mas principalmente na posse da terra.

Assim, ele criou o conceito de Heartland (Coração da Terra) para precisar com detalhe a região geopolítica mais importante do mundo, a qual em seu entendimento se localiza na Eurásia, cuja posse, devido à sua abundância em termos de matérias-primas e recursos naturais, criaria as condições propícias para o desenvolvimento econômico infindável, ou seja, quem dominar aquilo que o eminente geógrafo denomina pivot area, que inclui não por coincidência a Ucrânia, tem controle sobre a região mais rica do mundo.

É curioso notar que analistas renomados ressaltem como principal motivo para a invasão da Ucrânia pela Rússia apenas o fato de aquele país reivindicar maior aproximação com o Ocidente, integrando à União Europeia e principalmente a Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte). Pouco se tem dito, no entanto, acerca da expansão do bloco europeu sobre a Europa Oriental (Heartland), sobretudo, nos últimos dez anos.

Além de ser supostamente um baluarte contra uma possível ameaça contra Moscou, a Ucrânia é estratégica para a União Europeia, já que figura entre os países mais ricos de um ponto de vista mineral, com uma das importantes reservas de gás natural e petróleo da Europa. Decerto, os dois lados têm interesses sobre este país. Seria muito conveniente se se considerasse interesses humanitários para evitar o conflito bélico. Mas desafortunadamente a Geopolítica não é Ciência Humana, mas sim Ciência do Estado.

Flávio Santos Oliveira é professor e doutor em História pela Ufes.


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