Perigo para os idosos durante a pandemia vai além da Covid-19
O contexto da pandemia, do novo coronavírus, em que estamos vivendo tem levado muitos idosos ao confinamento. O distanciamento social se faz necessário, mas a atenção com esse público precisa ser objeto de cuidado dos familiares, pois os idosos se tornam muito vulneráveis, tanto emocionalmente quanto fisicamente.
Isso porque o ficar em casa tem aumentado o risco de quedas entre pessoas dessa faixa etária (acima de 60 anos) e vários são os fatores: estão mais ansiosos, angustiados, depressivos, dormindo mal, fazendo o uso de mais remédios psicotrópicos, entre outros motivos, além da incerteza do futuro.
Muitos abandonaram os seus tratamentos crônicos, em virtude da pandemia, deixando de ir às consultas de rotina com os médicos que os acompanham.
Um dado preocupante: estima-se que cinquenta por cento dos idosos acima de oitenta anos, caem uma vez por ano. Essas quedas podem não ter nenhuma consequência, mas podem também trazer implicações irreversíveis para a saúde do idoso.
A maioria desses episódios de quedas ocorreu em suas próprias residências ou em instituições de longa permanência. E o cair aumenta o risco de novas quedas, pelo fato do idoso adotar uma marcha mais cautelosa, reduzir a confiança em andar sozinho, perder a sua independência funcional e se isolar socialmente, comprometendo a sua qualidade de vida. O idoso que perde sua independência e sua funcionalidade é considerado um idoso doente.
O que podemos fazer para mudar essa história? Devemos intervir nesses pacientes o mais precoce possível, no intuito de minimizar os fatores de risco para quedas. Temos que encorajar todos os indivíduos acima de 60 anos a realizar uma avaliação periódico junto aos profissionais de saúde, identificar os possíveis fatores de risco (fatores intrínsecos: relacionado diretamente à saúde do idoso, e os fatores extrínsecos: relacionados a tudo que cerca o idoso) e planejar estratégias de prevenção, reorganização ambiental e de reabilitação funcional.
Mudanças básicas de rotina, do ambiente em que vive e a prática de atividades físicas podem prevenir quedas e serem grandes aliadas. Algumas mudanças básicas como a melhoria da iluminação, a instalação de barras para apoio, a retiradas de tapetes, adaptações no vaso sanitário, por exemplo, são recursos importantes e que podem salvar vidas.
No idoso que já apresenta alguma alteração, se faz necessário a intervenção de sessões de fisioterapia, com o objetivo de identificar os fatores de risco para quedas e propor um plano de tratamento.
E lembre-se: se o idoso que mora sozinho cair e tiver alguma fratura, ele pode aguardar alguém chegar. Isso pode ser determinante na sobrevida e no prognóstico de recuperação após uma queda.
Devemos exercer nossa empatia social, procurando saber diariamente como estão os nossos idosos, vizinhos e as pessoas mais vulneráveis. Estarmos atentos a eles, sobretudo no momento de pandemia e do isolamento social, faz toda diferença.
FERNANDO MARCARINI CAVALCANTI é fisioterapeuta neurofuncional.