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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

O protagonismo feminino no mundo dos vinhos

Cada vez mais presentes na produção e no consumo, mulheres transformam o universo do vinho com sensibilidade, técnica e protagonismo

Tatiana Puppim | 23/07/2025, 12:37 h | Atualizado em 23/07/2025, 14:02

Imagem ilustrativa da imagem O protagonismo feminino no mundo dos vinhos
Tatiana Puppim é sommelier formada pelo WSET de Londres e sócia-fundadora da Carpe Diem Vinhos. |  Foto: Arquivo/AT

Mais do que uma bebida, o universo do vinho carrega consigo história, cultura, sensibilidade e técnica. Um verdadeiro ritual de aromas, sabores, experiências e a satisfação de aproveitar o momento. Marcado, por séculos, pela presença masculina, esse segmento vem sendo elegantemente redesenhado pelas mãos, olhares e talentos femininos. Cada vez mais, mulheres ocupam posições de destaque como sommelières, enólogas, produtoras e empreendedoras, imprimindo sensibilidade, técnica apurada e inovação ao setor.

Hoje, o Brasil contabiliza cerca de 40% de enólogas — um número surpreendente, que supera em quase três vezes a representatividade feminina em países de tradição vinícola como a Itália. A força desse movimento também vem sendo sentida no Estado, onde a valorização de rótulos nacionais encontra eco no surgimento de empresas do setor comandadas por elas.

O protagonismo feminino no universo do vinho, no entanto, tem raízes mais antigas do que se imagina, embora, por muito tempo, tenha permanecido à sombra do reconhecimento oficial. Na Antiguidade, há indícios da participação de mulheres na viticultura em civilizações como a egípcia, grega e romana, mesmo diante de restrições sociais e religiosas. Na Grécia, a deusa Deméter era associada à agricultura e à fertilidade da terra, e Ariadne, companheira de Dionísio, era tida como guardiã dos mistérios do vinho, uma simbologia que já ligava o feminino à produção vinícola.

Hoje, a inspiração vem de nomes como Marina Cvetic, responsável por elevar a reputação dos vinhos Masciarelli, na Itália, e Susana Balbo, aclamada enóloga argentina, a primeira mulher a se formar em enologia em seu país e a primeira mulher presidente da Wines of Argentina, por três mandatos.

A presença feminina é destaque também no consumo. Segundo dados da Wine Intelligence, as mulheres representam cerca de 55% do público consumidor no Brasil. Essa participação crescente influencia diretamente o mercado, que começa a se adaptar ao olhar feminino — não por modismos, mas pela escuta de um público exigente e conhecedor, que valoriza experiências sensoriais completas, autenticidade e narrativas que conectam produto e propósito.

Além disso, iniciativas como o Women of the Wine & Spirits, nos EUA, e o movimento Mulheres do Vinho, no Brasil, têm contribuído para dar visibilidade e capacitação às profissionais da área, promovendo trocas e ampliando a presença feminina em eventos, feiras e concursos internacionais. É também uma forma de reconhecer a importância das mulheres na cadeia produtiva do vinho, desde a produção até a comercialização e o consumo.

O protagonismo feminino no mundo dos vinhos é, portanto, uma conquista construída com persistência. A bebida que tantas vezes uniu povos e culturas agora também celebra o equilíbrio entre vozes que, por muito tempo, foram silenciadas. Viva a democracia do vinho e os laços que ele ousa criar e transformar. Santé!

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