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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

O poder do movimento no tratamento oncológico

Exercício durante o tratamento do câncer reduz sintomas, fortalece o corpo e melhora a resposta às terapias

Alyssa Miranda | 22/07/2025, 12:52 h | Atualizado em 22/07/2025, 17:26

Imagem ilustrativa da imagem O poder do movimento no tratamento oncológico
Alyssa Miranda é médica e cofundadora do projeto Ellas Oncologia. |  Foto: Arquivo/AT

Em meio ao turbilhão que acompanha o diagnóstico de um câncer, há algo que parece pequeno, mas carrega uma força imensa: o movimento. Quando tudo ao redor desacelera, o corpo pede repouso e a mente é tomada por incertezas, mover-se pode ser um ato revolucionário de autocuidado para um paciente oncológico.

Durante décadas, o tratamento do câncer foi associado à fragilidade e ao imobilismo. Mas essa visão vem sendo revisada pela ciência. Hoje, sabemos que o exercício físico, ao contrário de ser um risco, é uma ferramenta terapêutica. A prática regular de atividade física durante o tratamento oncológico reduz sintomas como fadiga, ansiedade e tristeza, e melhora a capacidade funcional. Além disso, predispõe o ganho de massa muscular, contribuindo para que o organismo tolere melhor os efeitos colaterais da quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia.

Estudos demonstram que o exercício físico melhora a perfusão e a vascularização tumoral, facilitando a absorção da medicação e potencializando o tratamento. A prática de exercícios de alta intensidade demonstrou reduzir o risco de câncer metastático em até 72%, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Tel Aviv em 2022.

A investigação revelou que o exercício aumenta o consumo de glicose pelos órgãos internos, deixando menos energia disponível para o tumor se nutrir. Esse “escudo metabólico” tem poder de bloquear a progressão do câncer e sua disseminação. Outras análises demonstram que o exercício ainda estimula a migração de células imunes ao microambiente tumoral, favorecendo a ação de imunoterapias e aumentando a eficácia do tratamento.

Praticar ao menos 150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada ou 75 de intensidade vigorosa pode trazer um efeito significativo, melhorando a sobrevida e qualidade de vida durante e após o tratamento. E mais: reduz inflamações, melhora o metabolismo hormonal e contribui para o controle de comorbidades como obesidade, diabetes e hipertensão, que impactam diretamente no prognóstico e na resposta terapêutica.

Mas existem exceções: em casos de infecção aguda, alterações hematológicas importantes ou fadiga extrema, o repouso é necessário. Passada a fase aguda, retomar o movimento deve ser prioridade, com orientação adequada e acolhimento. Também não se trata de treinos exaustivos ou de cobranças sobre desempenho, mas de um convite à reconexão com o próprio corpo.

Caminhar, pedalar, nadar, dançar. Independente da escolha, o importante é sair da inércia, respeitando os próprios limites e, muitas vezes, redescobrindo sua própria força. É a partir desse gesto simples e corajoso de se mover que se fortalece uma medicina potencializada pela soma entre os avanços científicos, o surgimento de novas terapias e a valorização da humanidade que existe em nós. Uma medicina que não se limita a tratar, mas que inspira a seguir em frente. Porque, mesmo diante do câncer, é possível viver em movimento.

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