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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

O artifício da guerra na trincheira entre Eros e Tânatos

José Antônio Martinuzzo | 04/03/2022, 09:57 h | Atualizado em 04/03/2022, 09:59

Ainda em combate no mortífero vale pandêmico, testemunhamos a marcha insana de uma guerra inacreditável. Aqueles que se estarrecem diante da promoção deliberada da morte em escala perguntam: por que se fazem guerras? Como evitá-las?

Freud afirma que guerras são sintomáticas da espécie que abriga em si pulsões de vida e de morte (Eros e Tânatos). “Os instintos humanos são de dois tipos apenas: os que tendem a conservar e unir (...) e os que procuram destruir e matar”. Nesse sentido, a crueldade oferta “prazer na agressão e na destruição”, “enquanto os instintos eróticos representam os esforços de vida”.
“É da ação conjunta ou contrária de ambos que surgem os fenômenos da vida”, assinala.

No caso de coletividades, o direcionamento ao exterior da agressividade intrínseca aos membros do grupo é um modo de preservar a comunidade. Nas palavras de Freud: “É sempre possível unir um considerável número de pessoas no amor, enquanto sobrarem outras para receberem as manifestações de sua agressividade”.

A guerra é, pois, mais uma faceta da manipulação do amor e do ódio estruturais com propósitos de garantia/expansão de dominações.

Como parte da configuração pulsional da espécie, a ação mortífera, então, se justificaria? Definitivamente, não! As melhores chances de subsistirmos à natureza e à nossa própria natureza, ambas agressivas, estão na via da civilidade e do pacifismo.

O caminho contrário é o desaparecimento da espécie, uma ameaça que volta e meia dá as caras na feição da guerra.

“A condição ideal seria, naturalmente”, segundo Freud, “uma comunidade de indivíduos que tivessem sujeitado a sua vida instintual à ditadura da razão”. Mas ele mesmo adverte: “Não há perspectiva de poder abolir as tendências agressivas do ser humano”. “A inclinação para a agressão constitui, no homem, uma disposição instintiva original e autossubsistente, sendo o maior impedimento à civilização”, avisa.

A saída é o antagonismo veemente à pulsão de morte. Além do incremento do Direito frente à violência, o choque civilizacional se dá basicamente com o investimento na cultura da fraternidade  – e na  “ligação emocional que se dá pela 'identificação'”.

“Tudo que estabelece importantes coisas em comum entre as pessoas produz esses sentimentos comuns, essas identificações. Nelas se baseia, em boa parte, o edifício da sociedade humana”, afirma.

Diante dessa autópsia do artifício da guerra, Freud indaga: “Por que nos indignamos de tal forma com a guerra? Por que não a aceitamos como mais uma das penosas desgraças da vida?”. “Porque todo homem tem direito a sua própria vida, porque a guerra aniquila vidas humanas plenas de esperança, coloca o indivíduo em situações aviltantes, obriga-o a matar os outros”, responde.

E conclui: “O principal motivo de nos indignarmos com a guerra é que não podemos deixar de fazê-lo”, posto que “tudo o que promove a evolução civilizatória também trabalha contra a guerra”.

José Antônio Martinuzzo é doutor em Comunicação e membro da Escola Lacaniana de Psicanálise de Vitória.

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