Mudar a cultura é o nosso maior desafio
Confira a coluna desta terça-feira (13)
Em 2014, fundamos o Instituto Ponte com o objetivo de transformar vidas pela educação. Começamos com 19 alunos, ainda sem saber ao certo como viabilizar financeiramente aquele primeiro passo. Eu pensava em algo menor, talvez 12 alunos. Mas fui incentivada a sonhar mais alto. E assim tem sido nesses 11 anos: apoio, coragem e parceria para ir além.
Hoje, o Instituto acompanha 360 alunos. Mas o que fazemos vai muito além do número. O que fazemos é tentar mudar culturas: de jovens, de famílias, e também da sociedade.
A maioria dos nossos alunos entra no Instituto aos 13 ou 14 anos e permanece conosco por cerca de dez anos, até se formar no ensino superior. Sim, ensino superior. Uma meta que, para muitos, não era sequer parte do vocabulário familiar. Quando dizem que seus pais “concluíram os estudos”, muitas vezes estão se referindo ao ensino médio — porque era até onde se podia sonhar.
É comum ouvirmos de nossos alunos que, em suas antigas escolas, vestibular não era tema de conversa. Quando ingressam em escolas particulares, graças às bolsas conquistadas, ficam impressionados ao perceber que seus colegas já discutem universidades, carreiras, escolhas de futuro. Isso escancara a desigualdade silenciosa que impede o Brasil de aproveitar plenamente os seus talentos.
Alguns chegam ao Instituto com o sonho da “Federal”, como se essa fosse a única opção válida e possível. E, embora as universidades públicas sejam excelentes, é preciso ampliar o horizonte desses jovens. É preciso dizer que existem FGV, Insper, Inteli, instituições de ponta que oferecem bolsas integrais para alunos como eles. Ainda assim, muitos não se inscrevem. Por quê? Porque é difícil sonhar com o que não se conhece. Mudar esse imaginário é parte do nosso desafio.
E aqui está o ponto central: mudar a cultura. Não só a do aluno, mas a da família, a da comunidade, e também a da filantropia no Brasil. Ainda vivemos em um país onde oportunidades são desigualmente distribuídas e onde a cultura da doação e do investimento social ainda precisa amadurecer.
No Instituto Ponte, fazemos mais do que oferecer educação de qualidade. Apresentamos novos mundos, novos exemplos, novos valores. Trabalhamos para que o aluno possa construir um novo projeto de vida com base em possibilidades reais, mesmo que antes inimagináveis.
Mas isso só é possível porque, desde 2014, também temos trabalhado para transformar a cultura de quem doa. Para que mais pessoas entendam que apoiar a educação de um jovem talentoso é investir no futuro do país. Para que a filantropia deixe de ser assistencialismo e passe a ser estratégia de transformação social.
Mudar a cultura é um caminho longo. Mas é também um caminho possível se quisermos um Brasil mais justo, com mais oportunidades para todos, especialmente àqueles que não as recebem de maneira fácil, mas que merecem tanto. Se você também acredita nisso, junte-se a nós.
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