Educação aberta a diversidade e conflitos de pensamentos
Para quem vivencia a educação básica há tanto tempo, ver e participar do movimento inovador que a área vem realizando, ainda que em algumas instituições de forma mais acelerada e em outras menos, é motivador, independentemente das trilhas que ainda precisam ser percorridas.
Vivemos hoje uma educação mais humanista, que olha o aluno de maneira holística em suas necessidades de formação e o considera protagonista do próprio aprendizado. Significa que o conhecimento de conteúdos de matemática, português, ciências e afins tem se harmonizado mais com competências para o estabelecimento de relações humanas saudáveis.
Essa humanização, além de considerar essencial o desenvolvimento de seres hábeis socioemocionalmente, faz adentrar nas salas de aulas, que agora também têm novas caras, jeitos, dimensões, ferramentas e organizações, a possibilidade de abertura ao erro como um caminho natural de quem busca aprendizados, transformações, descobertas e construção de degraus de conhecimento.
Como humanos que somos, o erro em si, com o qual também se deve aprender a lidar de forma produtiva, por isso a relevância do olhar atento para o socioemocional, nem sempre é sinal de desleixo ou inabilidade do aluno, mas de algo que aconteceu diferentemente do que se planejou. E está tudo bem que seja assim se o processo permitiu a ampliação de conceitos, visões, hipóteses e soluções.
Além disso, se antes em qualquer escola rapidamente se sabia qual disciplina a turma estava tendo aula, agora a multiplicidade de saberes dentro dos currículos deixou essa tarefa mais complexa. Educação financeira, Voluntariado, Consumo Consciente, Cidadania, Mindfulness, Projeto de Vida, Diálogos Audiovisuais, Cientistas na Cozinha, Mulheres na História, entre outros temas, são algumas das ricas possibilidades de conteúdos eletivos presentes, sendo o aluno o responsável por montar parte do seu currículo, seguindo seus próprios direcionamentos de carreira.
Apesar de mais digital e inovadora, a educação também tem buscado trazer para o seu escopo iniciativas que proporcionam experiências aos alunos. Dado o universo informacional gigante a que se tem acesso, com tudo disponível on-line, metodologias ativas atuam de forma a tornar o aprender mais significativo para ser mais efetivo.
Essas mudanças são fruto do avanço na proposta de valor da educação como um todo, que evolui para colocar as escolas como espaços onde se vai para conflitar os próprios pensamentos – como os gregos faziam, talvez confirmando o que se diz por aí de que o futuro é a ancestralidade – e, a partir daí, provocar reflexões e consolidação de aprendizados.
A razão de ser das instituições de ensino se fortalecerá cada vez mais como a de mentoriar, entregar a curadoria, apresentar oportunidades, ajudar a fazer escolhas, impulsionar o autoconhecimento e fortalecer a autoestima para protagonizar. E nesse contexto, cabe ao professor a missão de provocar as buscas, andando junto, lado a lado, e sendo um parceiro no traçar do projeto de vida do aluno.
MÁRIO BROETTO é diretor do Centro Educacional Leonardo da Vinci.