Doses de esperança, proteção e cautela na vacina contra a Covid
A chegada da vacina contra o novo coronavírus trouxe alegria e esperança para os brasileiros, especialmente para os grupos prioritários que estão recebendo as primeiras doses dos imunizantes. Nesse grupo, os nossos idosos despontam entre os mais atingidos e prejudicados por esta pandemia que já dura um ano, período marcado por dores, incertezas e muitas mudanças e limitações na rotina.
Aos poucos, a população idosa vai sendo imunizada, o que traz um grande alívio não apenas para quem recebe a vacina, mas para familiares e cuidadores dos nossos vovôs e vovós.
E muitos devem perguntar: qual vai ser a primeira coisa que você vai fazer depois que tomar a vacina? Se já estava fazendo planos de aposentar a máscara, abandonar o álcool em gel, relaxar com os cuidados de higienização e sair para reencontrar todo mundo que não viu durante a pandemia, aqui vai um alerta: a vida não pode voltar ao normal logo após tomar a vacina.
Ainda há um tempo de espera e de cuidados. A resposta imunológica desencadeada pela vacina não é imediata. Manter o isolamento social, esperar a segunda dose e aguardar que a vacina atinja a eficácia esperada são medidas fundamentais nesse processo.
É preciso continuar adotando as medidas protetoras que até agora ajudaram a salvar tantas vidas e aguardar que a taxa de contaminação diminua. Se houver uma boa cobertura vacinal, a imunização poderá reduzir significativamente a circulação do vírus.
A OMS estima que a cobertura vacinal necessária para estabilizar e conter a pandemia seja de 80% da população. Portanto, o momento é de esperança, mas acima de tudo, de cautela.
As vacinas sempre foram um importante mecanismo de prevenção e isso pode ser constatado em toda a história. Ao longo do tempo, o mundo enfrentou muitas epidemias e pandemias que, assim como a Covid-19, foram responsáveis por milhões de mortes em todo o planeta.
Com o avanço das tecnologias que facilitam o acesso rápido às informações e viabilizam uma intensa troca de conhecimentos, nos vemos também diante de uma disseminação de notícias falsas a respeito da vacina que combate o coronavírus.
Entre as principais justificativas das fake news estão a suposta modificação da vacina no DNA dos seres humanos, uma tal conspiração para implantar microchips nas pessoas e até células de fetos abortados na composição das vacinas, entre outros rumores infundados que a OMS chama de “infodemia”.
A desinformação sobre a vacina é uma grande ameaça à eficácia de imunização. Por isso, em caso de incertezas ou insegurança a respeito do imunizante, o caminho mais sensato é esclarecer as dúvidas com um médico de sua confiança.
O momento ainda é delicado. O descaso e o descumprimento das medidas de segurança podem prolongar ainda mais esse tempo de sofrimento. Com a chegada da vacina, a contagem regressiva por dias melhores começou e precisamos da colaboração de todos para vencer esse mal.
Gustavo Genelhu é geriatra.