Doença do refluxo e a cirurgia para corrigir o problema
Coluna foi publicada no sábado (08)
O Dia Mundial da Saúde Digestiva, celebrado anualmente em 29 de maio, é uma oportunidade para aumentar a conscientização sobre as diversas condições que afetam nosso sistema digestivo. Segundo a Organização Mundial de Saudações , 20% da população global sofre algum tipo de problema intestinal e 90% das pessoas não procuram orientação médica, recorrem à automedicação ou não fazem nada para resolver o problema.
Os problemas digestivos têm tanto impacto que levantamento da Federação Brasileira de Gastroenterologia aponta que quase metade dos brasileiros sente algum sintoma de má digestão, como refluxo. A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é um dos principais problemas digestivos.
Como médico, considero crucial aproveitar esta data para discutir a importância do diagnóstico precoce dessa doença e das opções de tratamento, incluindo a cirurgia para refluxo, que pode transformar a vida de muitos pacientes.
A DRGE é uma condição crônica que ocorre quando o ácido gástrico flui de volta para o esôfago, causando sintomas como azia, regurgitação e dor no peito. Esses sintomas podem variar de leves a severos. Muitos pacientes enfrentam dificuldades diárias, como a interrupção do sono e a limitação de suas atividades devido ao desconforto constante.
Além dos sintomas imediatos, a DRGE não tratada pode levar a complicações graves, como esofagite, úlceras e esôfago de Barrett, que aumenta o risco de câncer esofágico.
O tratamento inicial geralmente envolve mudanças no estilo de vida e medicamentos. Recomenda-se que os pacientes evitem alimentos que desencadeiam sintomas, como cafeína, álcool, alimentos gordurosos e chocolate, previnam a obesidade e não fumem. Medicamentos como antiácidos, bloqueadores H2, inibidores da bomba de prótons (IBPs) e PCABs são utilizados para reduzir a produção de ácido gástrico e proporcionar alívio dos sintomas.
No entanto, para muitos, essas medidas não são suficientes. Pacientes que continuam a sofrer de sintomas graves, apesar do tratamento, podem se beneficiar da cirurgia para refluxo, feita utilizando técnicas diferentes, sendo a mais comum a fundoplicatura de Nissen por laparoscopia. Nessa técnica, a parte superior do estômago é envolvida em torno do esôfago inferior para reforçar a válvula esofágica, prevenindo o refluxo ácido.
Estudos mostram que a fundoplicatura pode proporcionar alívio duradouro dos sintomas em até 90% dos pacientes, permitindo que muitos retornem a uma vida normal sem a necessidade de medicamentos contínuos. Além disso, a cirurgia pode reduzir o risco de complicações graves associadas à DRGE crônica. Entretanto, a decisão de optar pela cirurgia deve ser tomada com cautela. É essencial que os pacientes sejam avaliados de forma abrangente.
Nesta data, é importante esclarecer que a DRGE é uma condição que pode ser manejada de maneira eficaz com a combinação correta de mudanças no estilo de vida, medicamentos e, quando necessário, intervenção cirúrgica.
