Semana de quatro dias. O que é e como funciona?
Coluna foi publicada nesta quarta-feira (13)
A semana de trabalho de quatro dias refere-se a uma estrutura na qual os empregados trabalham um total de quatro dias por semana, em vez dos tradicionais cinco. Em alguns casos, significa trabalhar quatro dias mais longos, enquanto em outros envolve a redução do total de horas trabalhadas por semana para 32 horas, ao invés das 44 horas.
A ideia da semana é tornar a hora trabalhada mais cara, porém mais produtiva. Um exemplo é pensar num empresário que tem 10 colaboradores e gasta R$ 100 mil mensais com salários e benefícios. Dessa forma, adquire 1.760 horas trabalhadas por mês, por esse valor, pagando R$ 56,82 pela hora trabalhada.
Nessa empresa, sua produção mensal é de 1.000 peças. Assim, só de mão de obra, sua peça terá um custo de R$ 100. Se a equipe conseguir produzir as mesmas peças trabalhando apenas quatro dias, o aumento de produtividade compensaria o maior valor pago por hora trabalhada.
As discussões não são novas. No início do século XX, à medida que a Revolução Industrial e a mecanização avançavam, houve movimentos para reduzir as jornadas. Naquela época, elas duravam 10 a 16 horas por dia.
Em meados do século XX, países industrializados adotaram a jornada de 40 horas, resultado de anos de campanhas de sindicatos e trabalhadores por melhores condições. Mesmo após a adoção, a ideia de reduzir ainda mais essa carga permaneceu. No Brasil, a jornada foi estabelecida pela Constituição como sendo de 8 horas diárias e 44 horas semanais.
Com o avanço da tecnologia e a automação, surgiram debates sobre a possibilidade de reduzir ainda mais a semana de trabalho. Estudos sugerem que trabalhar menos horas pode aumentar a produtividade, e melhorar a saúde mental e física dos trabalhadores.
Em vários lugares do mundo, empresas e até mesmo governos começaram a experimentar a semana de quatro dias. A Nova Zelândia realizou um experimento em que os funcionários trabalhavam quatro dias por semana, mas recebiam o salário de cinco. O experimento foi considerado um sucesso. Manteve a produtividade.
O problema começa quando vamos para os aspectos práticos. Empresa em que a demanda é constante. Como também desconheço aumento de produtividade sem investir em equipamentos, sistemas, treinamento e automação. Há indústrias em que é vital ter colaboradores disponíveis cinco dias ou mais.
Em uma jornada reduzida, o tempo dedicado a pausas e atividades que não agregam valor será menor. Reuniões desnecessárias terão de ser abolidas; alinhamentos e retrabalho, reduzidos, esperando-se melhor preparação e capacitação das pessoas.
Acho o conceito interessante e possível, haja vista que 83% dos profissionais no País dizem fingir que trabalham para parecerem ocupados. Se quem finge diz que o faz quase metade do tempo, temos um universo de 22h disponíveis para aumentar a produtividade.
A gestão terá de mudar a forma dos colaboradores trabalharem e fazer algo mais desafiador: mudar o mindset. Possível chegar na semana de quatro dias? Sim. Fácil? Não, pois se fosse, já estaríamos nela.