Sala de guerra
Coluna foi publicada no domingo (13)
Não faz muito tempo li uma séria reportagem sobre a violência nas escolas brasileiras. Denunciou-se que “alunos usam e vendem drogas na escola e ameaçam professores e coordenadores de morte”.
Haveria algum sensacionalismo nesta matéria? Penso que não. Há alguns anos o Ministério da Educação constatou, após uma pesquisa de âmbito nacional, que incríveis 47% dos professores ou funcionários das escolas públicas já foram xingados ou ameaçados por alunos.
Seria este um problema típico de países em desenvolvimento? Não. Inglaterra, um passo à frente: um professor é verbal ou fisicamente agredido a cada sete minutos, conforme estudo realizado pela Associação Nacional de Professores.
Constatou-se que os mestres ingleses vêm sendo mordidos, arranhados, chutados e socados. Em dado caso uma menina empurrou sua professora sobre uma carteira e enquanto esta caía ao chão o resto da classe aplaudia com entusiasmo.
Por conta de casos assim já em 2008 uma pesquisa nacional concluiu que 20% dos professores exigiam o retorno das punições corporais para alunos insubordinados, com o uso de bastões. Diante deste quadro tenebroso as escolas ganharam o direito de revistar seus alunos.
Seria a Inglaterra uma exceção na Europa? Não. Segundo a Agência Europeia para a Segurança no Trabalho ao longo de um único ano nada menos que 1,5 milhão de professores foram agredidos por alunos.
Foi recomendada, em nível continental, a substituição de móveis e equipamentos que pudessem servir de arma e bem assim a instalação de dispositivos de segurança para revista e controle dos alunos.
Na Suíça este problema alcançou um nível de seriedade tal que proibiu-se o consumo de energéticos nas escolas. Um funcionário de uma escola de Rümlang chegou a declarar que “já tivemos muitos casos de crianças inquietas, que não eram capazes de ficar sentadas nas suas salas de aula”.
Do outro lado do Oceano Atlântico os Estados Unidos enfrentam o mesmo problema, conforme registrou o jornal “The New York Times”:
“Alunos colocam suas mochilas em aparelhos de raios-x e passam por detectores de metal. Este processo, similar ao que é realizado em aeroportos, é um ritual diário para os mais de 4 mil estudantes da Kennedy High School, em Nova Iorque, que às vezes esperam até 30 minutos na fila da segurança”.
Segundo o jornal “esta rotina não é estranha à cidade de Nova Iorque, na qual 65 escolas procedem da mesma forma”. Esclareceu-se que detectores de metal são utilizados nas escolas de lá desde a década de 1980.
Conforme apontou a matéria este quadro é nacional: “No Distrito Escolar de Los Angeles guardas de segurança devem conduzir buscas aleatórias em pelo menos uma sala de aula a cada dia. A Filadélfia coloca detectores de metal em todas as suas escolas desde 1997. A maioria das escolas tem dois detectores e os alunos devem chegar normalmente uma hora antes das aulas para serem revistados”.
Pois é. Fico a me perguntar qual é a origem deste problema e até onde iremos com estas “soluções”.