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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Qual lente você usa para ver o mundo?

Coluna foi publicada no sábado (07)

Edna Mendes Tavares | 09/10/2023, 10:20 10:20 h | Atualizado em 09/10/2023, 10:21

Imagem ilustrativa da imagem Qual lente você usa para ver o mundo?
Edna Mendes Tavares é doutora em Educação pela Universidade de Torino (Itália) |  Foto: Divulgação

Perceber a perspectiva das crianças sobre o mundo traz leveza em meio às dificuldades. Elas não complicam e conseguem enxergar encanto na simplicidade. Quando a criança ouve uma história infantil, saboreia uma gelatina colorida ou se diverte com o que gosta, o relógio do tempo para, isso porque tudo se concentra naquele momento. Ela vai além do óbvio e das exigências que criamos para alcançar o que realmente importa.

Crianças não só aprendem, mas também ensinam! E é necessário aprender com elas.

Certo dia, numa leitura, encontrei o relato de uma mãe que escrevia sobre as ideias de sua filha de 5 anos a respeito de uma pergunta feita pela criança: “E se no mundo tivesse só crianças?”

Segundo a mãe, a menininha não hesitou na resposta, mais ou menos assim:

“Ah, seria muito, muito legal. No meu mundo, só haveria brincadeiras, não teria perigo andar na rua, pois criança nem sabe dirigir. Poderíamos andar de bicicleta por toda parte, correr e se divertir. Também poderíamos comer o que quiséssemos, na hora que quiséssemos. Teria música por toda parte porque criança adora cantar e dançar. Também não haveria maldade. Poderia até acontecer uma briguinha por causa de brinquedo, mas logo se resolveria, porque criança pede desculpa, e depois, esquece tudo. Criança não leva essas coisas no coração. E não precisaria de roupa cara, pois basta a roupinha limpa, cheirosa, confortável e só”.

E a menininha concluiu: “Ah, eu tenho certeza, meu mundo seria muito melhor do que o mundo dos adultos”.

De fato, depois que se torna adulto, a vida se transforma em comparações e planejamentos. Aonde ir, o que vestir, o que comer, tudo muito bem planejado.

Em resumo, nossas ações, muitas vezes, são pensadas para satisfazer os outros, e não a nós mesmos. A gelatina, a brincadeira e a sinceridade são repensadas, e o medo da balança, dos gastos e dos julgamentos toma conta da gente, fazendo com que tudo, ou quase tudo, se transforme em ansiedade e sofrimento.

É óbvio que as perspectivas mudam com o tempo e isso é muito natural. Porém, talvez a nossa lente de vida esteja mirando mais nos problemas, nas dores, nos desafios, e menos nos pequenos prazeres – aqueles que a infância nunca esquece – de se permitir uma deliciosa gelatina ou um filmezinho no cinema, livrando-se, nesses momentos, das regras, dos preconceitos e de tantas outras coisas do mundo dos adultos.

No mês dedicado às crianças, poderíamos ajustar o foco de nossas vidas e de nossa convivência social, possibilitando trocar lentes e ressignificar valores e ações; mirar os pequenos detalhes – pequenos milagres, para quem acredita –, a grandeza dos gestos gentis, a intenção de ser feliz, pois, como já disseram os poetas, a vida é um sopro: só se vive uma vez. Então, que elas nos ensinem a respeitá-las e a olhar o mundo com os olhos da criança que vive em nós.

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