Odontologia hospitalar é custo ou investimento?
A intervenção da odontologia hospitalar é mais um aliado que poderá fazer toda a diferença na luta pela vida
Investimentos em saúde sempre criam repercussões positivas, pois ajudam a salvar vidas e alcançam maior número de pessoas beneficiadas por um serviço de qualidade e excelência. E quando isso envolve um bem tão precioso como a saúde, a causa é ainda mais nobre e o investimento, muito necessário.
Mas do ponto de vista de quem irá implantar tais melhorias, sempre surge aquele questionamento: é investimento ou custo? É aplicação realmente necessária ou apenas mais um gasto?
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Muito se discute acerca desse dilema, tanto na esfera pública quanto privada, e, para que se tenha respostas assertivas, é necessária uma avaliação criteriosa.
Um debate que vem ganhando espaço e visibilidade é acerca da odontologia hospitalar, uma área da saúde que tem como objetivo cuidar da saúde bucal de pacientes internados, incluindo aqueles que se encontram em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
O assunto foi tema do V Congresso do Colégio Brasileiro Odontologia Hospitalar Intensiva (COBROIH), realizado em Vitória, no mês passado.
Profissionais trouxeram à tona essa discussão que já mobiliza a categoria, alertando para a importância da presença do dentista dentro da equipe multidisciplinar de um hospital, juntamente com outras especialidades, como fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia, psicologia, entre outras.
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A intervenção da odontologia hospitalar dentro de um hospital, comprovadamente, contribui para a diminuição de óbitos e reduz o tempo de internação. Por meio de manejos e ações que previnem e combatem infecções que se originam na região da boca, é possível evitar que o processo infeccioso ganhe maiores proporções e agrave a saúde geral do paciente, podendo inclusive levá-lo a óbito, ou a um tempo bem maior de internação.
Essa atuação, por meio de condutas preventivas, pode evitar complicações graves que afetam diretamente a recuperação dos internados, incluindo pacientes submetidos à entubação, que precisam de adequação bucal para não serem acometidos por infecções orais que depois se alastram pelo organismo.
Mas a odontologia hospitalar é custo ou investimento? Se analisarmos do ponto de vista da saúde pública, há de se ponderar os principais benefícios que desoneram o sistema: com menos tempo de internação, mais leitos são disponibilizados, ajudando a desafogar a alta demanda de internação nos hospitais públicos.
A redução do tempo de permanência no hospital também contribui para menos gastos com medicações e outros procedimentos que envolvem uma internação, principalmente na UTI. Na esfera privada, os planos de saúde terão menor custo com pacientes internados por menos tempo.
Há de se considerar, portanto, que o ponto de vista financeiro é de extrema relevância na hora de avaliar se um investimento é realmente válido. Paralelamente, o maior beneficiado é o paciente, que ganha em qualidade de vida e maior possibilidade de cura diante da intervenção da odontologia hospitalar.
Beatriz Coutens é dentista oncológica