Legal design e a evolução dos contratos
O que é mais atraente para sua leitura: uma bula de remédio ou um livro infantil? Se a sua resposta foi a segunda opção, isso quer dizer que os documentos com imagens são mais atraentes e interessantes. E com os contratos não poderia ser diferente e tem nome: legal design.
Os contratos estão presentes em nossas vidas, seja de forma verbal ou escrita, mesmo sem que a gente perceba sua existência como, por exemplo, na compra de um pão na padaria, que é um contrato absolutamente verbal.
O ano de 2020 foi um grande convite à inovação e flexibilização em todos os ambientes, sem, contudo, perder a segurança e a forma, aproximando milhares de brasileiros aos atos eletrônicos.
Os contratos não ficaram para trás e ganharam elementos para facilitar a negociação, assinatura e a compreensão.
No caso envolvendo o influencer Iran Ferreira, conhecido como Luva de Pedreiro, é certo que um contrato desse tipo permitiria maior entendimento e, talvez, menos conflito entre as partes, quanto a valores, percentuais e obrigações. Afinal, muito se assemelharia ao que ambos já vivem: a interação em mídia social.
É preciso que o contrato “fale a língua das partes”, pois, no final, todos ganham em segurança e transparência.
A fase em que as pessoas assinam contratos sem ler e sem opinar tende a acabar. Quando há o entendimento do que está escrito, elas se sentem mais seguras quanto ao negócio que estão prestes a fazer.
Por isso, o contrato igual bula de remédio com letras pequenas e sem margem ficou no passado. As pessoas querem e precisam ser protagonistas dos seus negócios e de seus contratos.
Assim, é importante o uso de elementos capazes de garantir maior clareza, compreensão e menos juridiquês aos contratos, bebendo o Direito na fonte da internet e do design, com recursos como gráficos, QR CODE para facilitar o acesso a anexos, termos, vídeos, fotos, links clicáveis, à localização, para acesso direto à outra parte e às imagens, podendo, ainda, ser assinado ao mesmo tempo por pessoas em diferentes países com apenas um clique.
Nosso cérebro capta melhor as imagens e se recorda com o passar do tempo de maneira clara o que foi visto na figura, isso porque mais de 55% da nossa comunicação é visual.
O contrato com imagens e links clicáveis permite, ainda, que as partes o consultem a qualquer momento, pois estará em seu celular ou no aplicativo de mensagem em um PDF curto e dinâmico, facilitando o acesso às informações principais.
E, claro que algo tão acessível e dinâmico deve ser aplicado a todos os tipos de contrato: compra e venda, locação, prestação de serviço, permuta, doação, termo de acordo, confissão de dívida, união estável, namoro, trabalho, etc.
Se uma imagem vale mais que mil palavras, um contrato claro e acessível com uso de elementos visuais, sem dúvida, é mais interessante e seguro.
Sem dúvida, a imagem é a grande protagonista do contrato contemporâneo, pois torna a informação e o documento mais acessíveis e intuitivos, mantendo toda segurança que a lei exige.
SUELLEN MENDES é advogada especialista em contratos