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Leitores do Jornal A Tribuna

Gelo de um milhão de anos da Antártica

Confira a coluna desta segunda-feira (13)

Mario Eugenio Saturno | 13/01/2025, 14:02 h | Atualizado em 13/01/2025, 14:02

Imagem ilustrativa da imagem Gelo de um milhão de anos da Antártica
Mario Eugenio Saturno é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Há dois anos, escrevi um artigo falando sobre as perfurações no gelo da Antártica feitos por uma equipe norte-americana e que chegavam a 11 mil anos. Expliquei também que, como os anéis das árvores marcam anos (cada anel, um ano, por causa do inverno e verão), acontece o mesmo com a neve nos polos Sul e Norte, formam camadas que podem ser isoladas, cada uma equivalendo um ano.

E ainda, como os invernos rigorosos impactam no anel e na camada de neve, e a neve ainda nos fornece a composição química da atmosfera naquele ano.

Pois bem, uma equipe internacional de cientistas anunciou, no último dia 9 de janeiro, que perfurou com sucesso um dos núcleos de gelo mais antigos já obtidos, atingindo quase 3 quilômetros de profundidade até o leito rochoso da Antártica, alcançando gelo com pelo menos 1,2 milhão de anos.

Além de provar que a Terra tem mais que 6 mil anos, a análise do gelo antigo deve mostrar como a atmosfera e o clima da Terra evoluíram. Isso pode fornecer insights sobre como os ciclos da Era do Gelo mudaram e ajudar a entender como o carbono atmosférico, produtos químicos e poeiras na atmosfera alteraram o clima.

Os pesquisadores completaram a perfuração no início de janeiro, em um local chamado Little Dome C, próximo à Estação de Pesquisa Concordia. A União Europeia financiou o projeto e a Itália coordena o projeto.

A mesma equipe já havia perfurado um núcleo de gelo com cerca de 800 mil anos. A perfuração mais recente foi a 2,8 quilômetros de profundidade, com uma equipe de 16 cientistas e pessoal de apoio trabalhando no verão ao longo de quatro anos, em temperaturas médias de cerca de -35 graus Celsius.

Graças à análise do núcleo de gelo da campanha anterior foi possível determinar que as concentrações de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono e metano, mesmo nos períodos mais quentes dos últimos 800 mil anos, nunca ultrapassarem os níveis observados desde o início da Revolução Industrial. Hoje temos níveis de dióxido de carbono 50% acima dos níveis mais altos já registrados no gelo de 800 mil anos.

Em fevereiro do ano passado, foi publicado na revista Nature Geoscience que uma equipe do Reino Unido retirou de um núcleo de gelo de 610 metros de comprimento e descobriu evidências assustadoras que revelam que a camada de gelo da Antártica Ocidental encolheu repentina e dramaticamente há cerca de 8 mil anos.

Constataram que a camada de gelo diminuiu 450 metros durante um período de apenas 200 anos no final da última Era do Gelo. É a primeira evidência direta desse fenômeno. Isso aponta para um catastrófico aumento global do nível do mar. A Antártica Ocidental contém água suficiente para elevar o nível do mar em 5 metros, o que causaria inundações devastadoras em todo o mundo. Em 2024, passamos novamente os 1,5ºC acordados em Paris... Quando sairemos da negação?

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