Dor generalizada e depressão provocadas pela fibromialgia
A fibromialgia afeta a musculatura corporal, sendo seus principais sintomas dor e sensibilidade muscular que se manifestam de forma generalizada e crônica, além de fadiga, sono não reparador, alterações de memória e atenção, ansiedade, depressão e alterações intestinais.
Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, essa doença pode surgir em qualquer pessoa e faixa etária, sendo mais comum em mulheres e afetando entre 2,5% a 6% da população mundial. No Brasil, cerca de 3% da população é afetada pela FM, sendo a principal causa de dor muscular entre os brasileiros.
As causas da fibromialgia ainda não são conhecidas, mas acredita-se que fatores como traumas físicos e psicológicos anteriores, predisposição genética, estresse prolongado ou mesmo infecções generalizadas podem resultar na doença. O diagnóstico é feito através da exclusão, visto que a síndrome não apresenta alterações em exames de imagem ou laboratoriais, doenças auto-imunes são descartadas pela pesquisa em exames laboratoriais.
Além dos sintomas físicos, a fibromialgia afeta também a saúde mental e a vida social. O elevado nível de frustração causado pela FM pode agravar quadros de ansiedade ou depressão, principalmente quando sua causa tem origem psicológica, como após a ocorrência de um trauma.
Por não ser possível o diagnóstico por exames, por muito tempo a fibromialgia foi tratada como uma dor psicológica e sem importância. Não é raro encontrar pessoas com fibromialgia que tiveram sua doença e sintomas invalidados por familiares e amigos, sendo considerada “frescura”.
Existe uma correlação clara: há um índice de depressão em 50% das pessoas com fibromialgia, e a dor proveniente da fibromialgia retroalimenta a depressão, pelo maior isolamento e transtorno de humor. O paciente com fibromialgia habitualmente sofre também de transtorno do sono, havendo importante componente da dor, assim como decorrente das alterações de humor associadas.
Ainda que não possua cura, a condição pode ser tratada para aliviar os sintomas do paciente e proporcionar qualidade de vida e bem-estar. É importante realizar um tratamento combinado para cuidar dos impactos físicos e mentais, unindo o tratamento médico à psicoterapia.
Para alívio da dor é indicado o uso de medicamentos recomendados pelo ortopedista, podendo ser combinados a terapias como a fisioterapia, a acupuntura ou o agulhamento a seco, procedimento que visa liberar os nódulos musculares contraturados, trazendo conforto a médio e longo prazo para o paciente.
Os exercícios físicos promovem também a interação social, em especial nos esportes em grupo ou na dança, que também contribuem com o bem-estar.
Os franceses habitualmente prescrevem “14 dias de SPA terapia” como tratamento para a fibromialgia, e isso se mostrou altamente eficaz, com melhora dos sintomas a longo prazo. O vínculo da FM com o bem-estar mental é claro, e o foco no autocuidado deve ser regra no tratamento.
NILO NETO é ortopedista.