Desafios de conciliar carreira profissional e maternidade
Coluna publicada na edição deste sábado (22), do jornal A Tribuna
Historicamente, as mulheres que estão no mercado de trabalho enfrentam uma pesada carga de atribuições. E, quando chegam à maternidade, essas obrigações podem ultrapassar limites. Pesquisa realizada pela InfoJobs, em 2021, aponta a sobrecarga feminina em cerca de 86% das mulheres entrevistadas.
Mulheres, em especial mães, precisam se desdobrar ou até triplicar a jornada de trabalho, ao conciliar atividades profissionais com o serviço doméstico. Para mais da metade delas, essa rotina impacta de forma negativa no rendimento e também no desenvolvimento do trabalho.
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Exatos 86% das participantes afirmam que sofreram ou acreditam que havia preconceito relacionado à licença-maternidade. Além disso, cerca de 85% das mulheres vivenciam jornada de trabalho dupla no País, com a realização de atividades domésticas e cuidados com os filhos, e muitas delas ainda enfrentam o preconceito no ambiente corporativo.
As mulheres que querem ter filhos ainda sentem a necessidade de adiar a maternidade por receio de perder oportunidades enquanto tentam conciliar carreira e família. E dados apontam que a maioria das profissionais deixa o emprego após o nascimento do primeiro filho.
Nesse sentido, algumas empresas estão preocupadas em reter talentos e desenvolvem políticas e programas que atendem às necessidades da mulher, para que ela concilie a vida profissional, pessoal e o papel de mãe, tais como, creche, espaço de amamentação, entre outros. O Grupo Boticário, por exemplo, definiu como uma de suas metas ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança) atingir 50% de mulheres em posições de diretoria até 2025.
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O incentivo às mulheres e mães no mercado de trabalho é necessário. Fazendo um paralelo com a síndrome do esgotamento profissional, nos Estados Unidos já se usa o termo Mommy Burnout para se referir à exaustão e ao estresse crônicos de mães sobrecarregadas com inúmeras funções.
Por isso, quando o ambiente corporativo promove ambiente propício para a presença das mães todos saem ganhando. Para as mães, é construída ou reforçada uma rede de apoio. Para as empresas, é evidente que, depois dos filhos, as mulheres desenvolvem características especiais.
Praticidade e foco são dois bons exemplos. Como a profissional não tem tempo a perder, quer voltar logo para casa. Mães têm senso de responsabilidade aguçado e, portanto, atuam de maneira mais cuidadosa e perfeccionista. Também são mais empáticas e sensíveis com os colegas porque aprenderam a detectar as necessidades alheias só por um olhar ou um choro do bebê.
Em recente levantamento realizado pela empresa de recrutamento Robert Half, no LinkedIn, a inteligência emocional foi apontada por 66% dos participantes como a soft skill (habilidade comportamental) mais aprimorada pelas mulheres que são mães. O senso de urgência foi outra importante habilidade destacada pela enquete; seguida de comunicação e oratória; e trabalho em equipe.
Eliana Dias é consultora materno-infantil
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