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Papo de Família

Papo de Família

Colunista

Cláudio Miranda

Pais que não deixam os filhos adultos crescerem

Confira a coluna

Claudio Miranda | 25/11/2024, 13:15 13:15 h | Atualizado em 25/11/2024, 13:53

Imagem ilustrativa da imagem Pais que não deixam os filhos adultos crescerem
Blindagem excessiva pode aprisionar o filho numa adolescência da qual já deveria ter saído |  Foto: © Divulgação/Canva

Tem se tornado comum os pais reclamarem de filhos adultos que ainda moram com eles, após os 30 anos de idade, se mostrando dependentes deles em praticamente tudo. Muitos não trabalham, não têm emprego mesmo tendo concluído a faculdade.

Os pais reclamam, mas pagam praticamente todas as despesas desses filhos adultos.

Não há problema em um filho adulto morar com os pais, desde que essa relação não seja parasitária, exploratória e comodista. Assim será ruim; mas se gerar equilíbrio, compensações e trocas, esse convívio pode ser positivo.

Em muitos casos, os pais são os primeiros a dificultar o desenvolvimento, a maturidade e independência dos filhos ao “aprisioná-los” em casa cercados de cuidados e mimos excessivos.

Dessa forma, a saída de casa se torna mais demorada ou ela não acontece pela dependência e pelo comodismo promovido pelos pais.

Pais que sentem que não foram suficientemente bons podem, por sentimento de culpa, agir como superprotetores, impedindo que o filho já adulto viva as experiências socioemocionais que o prepararão para a sua independência como pessoa.

Uma blindagem excessiva pode aprisionar o filho eternamente numa infância e adolescência da qual já deveria ter saído. Poupar seus filhos do sofrimento, impede que ele passe por um processo de amadurecimento psíquico.

Ao ajudar demasiadamente o filho adulto, os pais impedem que eles cresçam e se fortaleçam como pessoa independente e autônoma.

Com o tempo, esses indivíduos não vão desenvolver as estratégias devidas para a superação de enfrentamentos típicos da vida adulta. Eles podem vir a se tornar medrosos e inseguros em situações de interação social num ambiente de trabalho, por exemplo.

O exagero de suporte a um filho adulto pode acontecer principalmente pelo receio de que o filho não consiga emprego adequado ou que ela sofra com as dificuldades própria do viver.

Por não suportar a dor de ver o filho “sofrendo”, eles interferem com ajudas e suportes desnecessários. É como se não acreditassem que eles consigam superar os desafios que vão encontrando no dia a dia.

Assim, a cada momento, esse filho vai se tornando mais dependente e empobrecidos de recursos saudáveis de enfrentamento.

Os filhos serão sempre filhos, independentemente da idade que eles tenham. Desse modo, é perfeitamente compreensível quando o filho é socorrido num momento de angústia, doença ou um sofrimento maior.

Os pais devem deixar os filhos passarem pelos sofrimentos necessários, que todo adulto vive e que são necessários para o crescimento. Sendo assim, evitem assumir despesas que são dos filhos quando moram com vocês. Desenvolva neles a capacidade de construir uma vida prospera. Mostre-se presente o tempo todo, mas sem culparem pelos erros que possam ter cometido como pais. Dê o suporte necessário para que eles resolvam problemas que eles mesmos podem resolver.

Considere o quanto a dependência demasiada do seu filho adulto de você tem a ver com o seu comportamento de insegurança de deixá-lo seguir com a sua vida com todas as perdas e ganhos que possam acontecer. É assim que se cresce.

Imagem ilustrativa da imagem Pais que não deixam os filhos adultos crescerem
Cláudio Miranda é da Diretoria da ATEFES (Associação de Terapia Familiar do ES), Terapeuta de Família, Psicopedagogo Clínico, Pós-graduado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP. |  Foto: Leone Iglesias/ AT

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