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Papo de Família

Papo de Família

Colunista

Cláudio Miranda

Pessoas identificadas com o sofrimento

Confira a coluna

Cláudio Miranda, Colunista de A Tribuna | 05/11/2024, 13:35 h | Atualizado em 05/11/2024, 13:35

Há pessoas que criam uma identidade com o sofrimento e com a tristeza. A vida inteira elas sofrem nas relações familiares, no trabalho e no casamento. Elas não fazem nenhum movimento para superar a sua dor ou de sair do seu desconforto. Já passou por isso?

A mulher que na infância e na adolescência sofreu com o pai pode levar esse sofrimento para o casamento. Assim, ela sofre, sofre e passa a brigar o tempo todo com seu marido.

Vive com ele uma relação tensa e em desarmonia. Coloca um monte de defeitos nele, reclama de tudo, mas não quer se separar, e se um dia esse homem resolve pegar as malas e ir embora, ela enlouquece, porque ela não formou uma identidade própria.

Ela simplesmente se vê sem referências porque a identidade dela é com o sofrimento e com a dor.

Quando se dá conta, ela vê que viveu uma vida inteirinha com uma identidade falsa. Ela não gerou nada dela para com ela mesma e para com sua vida.

No ambiente familiar, os filhos poderão passar por sofrimento emocional por ter que conviver com um pai ou mãe com esse perfil.

Existem pessoas que terão uma relação parecida no ambiente de trabalho com um chefe autoritário e prepotente. Elas desenvolverão a mesma vinculação e apego pela dependência emocional.

Essa é a referência psíquica formatada dentro dela. Ainda que seja ruim e desequilibrada, é no sofrimento que ela pauta as suas falas e ações.

A identificação com o sofrimento é um fenômeno comum em muitas pessoas, que, desde a infância, enfrentaram relações dolorosas de autoritarismo e negligência.

Esse sofrimento se torna parte de sua identidade, moldando a forma como se relacionam com os outros.

Muitas vezes, por não ter vivido um padrão relacional saudável e harmônico, reproduz a sombra e a desesperança em que viveu.

A reprodução desse padrão atitudinal em seus relacionamentos na vida adulta irá contribuir para piorar seu relacionamento conjugal e familiar.

O medo do abandono se intensifica quando, diante de uma possível separação, essa pessoa sente que seu mundo desmorona.

Isso acontece porque sua identidade foi construída em torno do sofrimento, sem espaço para o autoconhecimento ou a construção de uma vida própria.

Sair deste lugar demanda uma conscientização e um trabalho interior imenso na desconstrução de modelos comportamentais que estão intensamente incorporados no psiquismo e no jeito de ser do indivíduo.

A vivência de uma perda poderia, talvez, despertar para uma mudança de pensamento e buscar uma vida mais saudável e feliz.

A percepção de que se viveu com uma identidade falsa pode ser uma revelação dolorosa, mas também de oportunidade de superação e de aprendizado.

Reconhecer que não precisa continuar a viver em sofrimento é o primeiro passo para a transformação.

O autoconhecimento e o apoio emocional na terapia são essenciais para romper esse ciclo, permitindo se reconectar com suas verdadeiras essências e construir relacionamentos mais saudáveis e autênticos.

Neste processo de tratamento você se sentirá capaz de construir uma nova identidade e viver em equilíbrio e tranquilidade com ela própria.

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