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Papo de Família

Papo de Família

Colunista

Cláudio Miranda

“Essa casa aqui não é sua, meu filho!”

Confira a coluna

Cláudio Miranda | 17/11/2024, 13:53 13:53 h | Atualizado em 17/11/2024, 13:53

Mãe e pai têm juntos a responsabilidade de educar os filhos e de conduzi-los bem para uma vida adulta segura, tranquila e bem estruturada.

Contudo, na relação com os filhos, é compreensível que, às vezes, ocorram situações de atritos ou mesmo algum desentendimento em relação ao cumprimento de tarefas domésticas, escolares ou por diferenças de opinião.

Algumas vezes, os pais sentem dificuldades no diálogo e na condução da educação dos filhos. Sentem que estão perdendo a autoridade e o comando da casa. Com isso, tem sido cada vez mais comum ouvi-los dizer aos filhos que “a casa é deles e que eles têm que obedecer”.

Quando os pais dizem “Essa casa não é sua, é minha”, eles estão desesperadamente tentando afirmar sua autoridade, mas só faz criar um sentimento de insegurança e desvalorização nos filhos, e algumas vezes, raiva.

A casa é de todos, é da família. Os filhos moram ali, eles fazem parte daquele espaço. A casa deve ser um local de acolhimento para a formação, o crescimento e a educação dos menores. Se ela não cumpre bem essa função, algo de muito errado está acontecendo naquele ambiente.

Pais que ficam dizendo que a casa é deles, e não dos filhos, acabam por desenvolver neles a sensação de não pertencimento. Passam a se sentirem excluídos daquilo que era pra ser sua própria casa.

Ao começarem a construir a ideia de que a casa é dos seus pais, eles vão iniciar dentro de si um tipo de afastamento psíquico dessa família. O amor e o afeto que sentiam até então poderá ir diminuindo cada vez mais.

Ao invés de se colocarem como os responsáveis pela casa, eles deixam muito evidente a incompetência em dialogar sadiamente com seus filhos.

Essa fala aparece como reflexo de uma relação de poder desequilibrada. Esse tipo de afirmação ignora as necessidades emocionais do filho, que, muitas vezes, busca um senso de pertencimento e de autonomia.

Ele pode se sentir não amado e não querido. Suas ideias, seu espaço e seus direitos não são reconhecidos, ocasionando sério problema de relacionamento familiar. A exclusão que isso sugere pode afetar a autoestima filial e o sentimento de pertencimento e de importância afetiva.

A verdadeira harmonia no ambiente familiar se constrói quando se compreende que a casa, assim como a convivência, deve ser um espaço compartilhado, onde todos são acolhidos e respeitados.

Quando o ambiente familiar não é visto como um espaço de colaboração, onde todos têm voz, a frase pode causar ressentimento e distanciamento, dificultando a construção de uma relação de confiança e respeito mútuo.

Em vez de simplesmente afirmar a posse, é mais saudável incentivar o diálogo e mostrar que o lar é, na verdade, um lugar de apoio para todos.

Desenvolva o hábito de dizer ao seu filho: “Nossa casa, nosso lar”.

Dê a ele a compreensão que aquele espaço é de todos e, portanto, cada um deve ter a parcela de responsabilidade no cuidado daquele ambiente e das pessoas que ali convivem. O filho é como alguém que pode tomar decisões e expressar opinião sobre as coisas da casa.

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