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Opinião Econômica

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Colunista

Os três objetivos de Donald Trump em seu segundo governo

Confira a coluna de sábado (05)

Daniel Carvalho | 07/04/2025, 11:15 h | Atualizado em 07/04/2025, 11:15

Imagem ilustrativa da imagem Os três objetivos de Donald Trump em seu segundo governo
Daniel Carvalho é coordenador dos cursos de Relações Internacionais e Comércio Exterior da UVV

O segundo governo de Donald Trump parece ter três objetivos: reafirmar o poder dos EUA em um mundo que percebe como hostil e com aliados os quais considera aproveitadores; redirecionar a política externa aos interesses de alguns grupos domésticos, mesmo que para isso precise desmontar a ordem internacional liberal; e redefinir as identidades nacional e internacional dos EUA, rediscutindo normas e relações sociais antigas do país.

Embora seja difícil afirmar qual desses objetivos tem a preferência de Trump, é possível identificar uma conexão lógica entre eles a partir de sua vontade em restaurar a primazia dos EUA em um mundo que cada vez mais se distancia da unipolaridade vivida no começo dos anos 1990 devido à ascensão de potências emergentes e revisionistas, principalmente a China.

O fato de esta hoje ser o principal parceiro comercial de algumas economias importantes da América Latina – tradicional zona de influência americana –, incomoda qualquer governo americano. Este é um dos motivos pelos quais Trump deseja retomar para os EUA o controle sobre o Canal do Panamá.

O interesse pela Groenlândia, por sua vez, deve-se não apenas a questões de defesa nacional, mas também ao fato que o chamado Oceano Ártico está se tornando navegável e, portanto, uma importante rota comercial.

Além disso, o aumento do orçamento militar e o recrudescimento de sua relação com a Otan só demonstram que o governo Trump enxerga o mundo como algo que lhe é hostil e repleto de ‘aproveitadores’, em discordância com o papel de hegemonia benigna que o país tentou construir ao longo dos últimos 80 anos.

É por causa desta visão que a administração Trump tem lançado mão de ações que rompem com a lógica da ordem internacional liberal.

A recusa em apoiar arranjos sobre problemas transnacionais cujas soluções só podem ser atingidas através do multilateralismo e da cooperação e a desconfiança que ele tem de organizações multilaterais como a OMC e a ONU que restringem (ainda que de maneira limitada) a autonomia dos estados é uma resposta a interesses domésticos específicos, vindo de setores econômicos importantes e de parte de seu eleitorado saudoso dos tempos em que os EUA eram isoladamente a grande potência do mundo.

A insistência na atual “guerra comercial” – em que pese a objeção de grandes empresas americanas – é um exemplo claro de que a administração Trump responde a determinados setores econômicos e ideológicos domésticos.

Para estes setores, a reconstrução das identidades nacional e internacional dos EUA é imprescindível. A retirada de apoio a políticas públicas em favor da diversidade sob o argumento de que se defende a meritocracia e as novas políticas migratórias, por exemplo, são apenas parte da discussão sobre quem é o americano e o que são os EUA.

A rejeição a normas globais de direitos humanos e a aliança com governos ideologicamente afins tal como Hungria e Israel são um indicativo de resposta a esta pergunta.

Internacionalmente, a retórica “America First” visa retratar os EUA como uma potência autossuficiente, independente, e propõe, a partir de uma perspectiva conservadora, uma nova legitimidade sobre a ordem internacional.

Dessa forma, a administração Trump parece tentar reconfigurar o papel dos EUA no sistema internacional e querer moldar as estruturas do sistema internacional conforme sua visão de mundo. Ao articular segurança, economia e identidade, busca restaurar a primazia dos EUA por meio da força, do unilateralismo e de uma nova narrativa.

Caso consiga, Trump terá entrado para a história como o presidente que reconstruiu a hegemonia americana. Caso não, o risco de ter isolado e enfraquecido o país política e economicamente no cenário internacional passa a ser real, assim como o risco de promover uma grande divisão na sociedade americana e uma ruptura nas instituições democráticas do país.

Olhando para a história, as chances de não conseguir são maiores que as de conseguir.

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