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Opinião Internacional

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Colunista

José Vicente de Sá Pimentel

O Acordo de Mar-a-Lago

Confira a coluna de domingo (16)

José Vicente de Sá Pimentel | 17/03/2025, 14:53 h | Atualizado em 17/03/2025, 14:53

Imagem ilustrativa da imagem O Acordo de Mar-a-Lago
José Vicente de Sá Pimentel, nascido em Vitória, é embaixador aposentado

Trump impôs tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio do Brasil. Qual deve ser a resposta brasileira? Do meu ponto de vista, devemos ficar frios, negociar desde já o que for possível (quotas, talvez) e tentar depois diversificar as exportações. Brigar não é uma boa alternativa.

Do ponto de vista da racionalidade econômica, não faz sentido para os EUA bloquear a importação de nossos produtos, mas Trump não parece ter compromisso com o bom senso.

Ninguém explica a fixação de Trump com as tarifas. Impor taxas de 25% sobre as importações do Canadá e do México é contraproducente. Trump deve conhecer os mecanismos da integração econômica entre os EUA e seus vizinhos, afinal foi ele que negociou, no primeiro mandato, o acordo de livre comércio, que denominou, caprichosamente, de USMCA (para soar parecido com YMCA, sua música preferida).

Segundo The Economist, com as tarifas de 25%, os veículos vendidos nos EUA ficarão, em média, 2.700 dólares mais caros para os consumidores americanos. Fechar as fábricas no México e Canadá e reconstruí-las nos EUA custaria cerca de 50 bilhões de dólares, e os custos de produção aumentariam. Não é racional, é uma política talhada para produzir inflação e desacelerar a economia. Os principais índices de ações dos Estados Unidos despencaram na última segunda-feira (10), devido aos temores de uma possível recessão.

Trump não dá o braço a torcer. Comentou que uma recessãozinha seria até bem-vinda, a economia americana precisaria de um período de detox. Professoralmente, acrescentou que a bolsa de valores não é o que vale na economia real. Para quem passou toda a campanha presidencial se vangloriando pelos números de Wall Street durante seu primeiro mandato, o argumento soa falso e não está sendo bem recebido pelo público, a julgar pela queda dos seus níveis de popularidade.

A instabilidade característica da personalidade de Trump é agravada por uma aparente luta pelo poder entre os seus principais conselheiros. Há pelo menos quatro alas que se digladiam. A mais conhecida é a nacional-populista, com Steve Bannon como figura de proa. Nós, brasileiros, conhecemos os métodos de Bannon na prática, uma vez que foram aplicados no governo Bolsonaro. Outra ala é a dos responsáveis pelo Projeto 2025, que ocupam postos chave no primeiro e no segundo escalão do governo. Entre estes, ressalta o nome de Russel Vought, diretor do Escritório de Gestão e Orçamento, órgão central na elaboração e supervisionamento do orçamento federal em todos os órgãos do Executivo. Vought é um aliado natural da ala dos tecno-libertários, que pulula em torno de Elon Musk, no afã de desmantelar a administração federal e despedir funcionários públicos. Um outro grupo é formado por congressistas republicanos, em geral atrelados a Mike Johnson, líder na Câmara de Representantes. Mas é um quarto grupo que começa a chamar atenção.

Scott Bessent, Secretário do Tesouro, e Stephen Miran, diretor do Conselho de Conselheiros Econômicos da Casa Branca estariam articulando o Acordo de Mar-a-Lago, cujo objetivo seria preservar a supremacia americana, obsessão de Trump. Para tanto, os EUA teriam de conciliar duas forças contraditórias: de um lado, preservar a força do dólar, que é a base em que se assenta hoje o poder do país; do outro, impedir que o dólar se supervalorize, em decorrência da demanda que deriva do fato de ser a unidade padrão de moeda no mercado internacional, e que encarece a produção Made in USA. O Acordo reuniria três tipos de países: os verdes, que aceitariam um dólar dominante, porém com um menor valor, em troca, talvez, de proteção militar ou de vantagens comerciais; os amarelos, que seriam tratados caso a caso, de acordo com os interesses americanos; e os vermelhos, ou adversários, senão inimigos.

O Acordo não existe, pelo menos ainda. Não foi assinado e possivelmente nunca será formalmente escrito. Pode ser apenas uma tentativa de “theory washing”, uma história inventada para dar ares de teoria à falta de agenda de um agente político. Mas vocês hão de lembrar que Trump jurava nem conhecer o Projeto 2025, que é hoje o manual de serviço de Elon Musk. Por isso, não custa manter o tema no nosso radar.

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