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Olhares Cotidianos

Olhares Cotidianos, por Sátina Pimenta

Colunista

Sátina Pimenta, psicóloga clínica, advogada e professora universitária

Um convite à maturidade

Um convite à maturidade emocional em tempos de incerteza, inspirado na sabedoria da Oração da Serenidade

Sátina Pimenta, colunista A Tribuna | 03/07/2025, 12:22 h | Atualizado em 03/07/2025, 12:22

Imagem ilustrativa da imagem Um convite à maturidade
Sátina Pimenta é psicóloga clínica, advogada e professora universitária |  Foto: Acervo Pessoal

Há uma oração singela, mas poderosa, que me acompanha há anos: a Oração da Serenidade. Muito conhecida por encerrar as reuniões dos Alcoólicos Anônimos, ela pede coragem para mudar o que pode ser mudado, serenidade para aceitar o que não se pode mudar e sabedoria para distinguir uma coisa da outra. É quase um manto silencioso sobre os ombros — uma prece laica, profunda, que guia quem busca seguir adiante um passo por vez.

Gosto de pensar nessa oração como um convite à maturidade. Afinal, há dores que não temos como evitar, mudanças que não estão ao nosso alcance, e relações que não se transformam apenas porque queremos.

A vida é atravessada por muitas variáveis — e muitas delas fogem ao nosso controle. Ainda assim, vivemos nos afetando e sendo afetados o tempo todo.

Mas, para que essa troca exista de fato, é preciso que haja abertura. A escuta só se dá quando o outro está disposto a ouvir; a mudança só vem quando há desejo e disponibilidade interna.

É comum acreditarmos que todo encontro nos marca, que toda relação nos transforma de alguma forma. Mas a Psicologia Cognitiva nos lembra: a percepção é seletiva.

Vemos o mundo de acordo com nossas referências, crenças, experiências. O que nos toca, fica. O que não nos interessa, muitas vezes, nem chega a entrar.

E isso pode ocorrer de maneira consciente ou não. Por isso, a ideia de que o outro sempre deixa algo em nós precisa ser atravessada pela pergunta: Eu permiti? Eu quis?

Diante disso, um dos maiores desafios é reconhecer o que é responsabilidade nossa e o que pertence ao outro. A abordagem fenomenológica-existencial fala exatamente disso: assumir a autoria da própria existência.

Viktor Frankl, que sobreviveu aos horrores de um campo de concentração, dizia que a liberdade está em escolher nossa atitude diante das circunstâncias — e que essa escolha carrega, inevitavelmente, uma responsabilidade.

Mas nem sempre temos clareza. Às vezes, tentamos resolver o que não nos cabe, e noutras, nos omitimos do que é claramente nossa parte. A linha entre coragem e covardia, entre cuidado e invasão, entre aceitação e resignação, é tênue.

Distinguir essas fronteiras exige autoconhecimento — e também uma mente aberta, capaz de perceber o mundo para além dos nossos filtros de defesa, de mágoa ou de medo.

Talvez por isso essa oração ecoe com tanta força. Ela não promete soluções. Mas lembra que viver com leveza passa por reconhecer limites — os nossos e os dos outros.

Que a gente possa, nesta semana, agir com coragem onde for preciso, cultivar serenidade onde não há controle, e buscar a sabedoria necessária para saber a diferença entre as duas coisas. Boa semana a todos nós.

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