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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

Doenças difíceis de diagnosticar

Entre cavalos, zebras e unicórnios: como médicos enfrentam o desconhecido, equilibrando experiência, intuição e humildade nos desafios do diagnóstico

João Evangelista Teixeira Lima | 10/06/2025, 12:17 h | Atualizado em 10/06/2025, 12:17

Imagem ilustrativa da imagem Doenças difíceis de diagnosticar
João Evangelista Teixeira Lima é gastroenterologista e clínico geral. |  Foto: Arquivo/AT

Existem coisas que sabemos que sabemos, ou seja, tudo aquilo que temos consciência de que conhecemos. Desde cedo, aprendi a tocar piano. Meu cérebro sempre informa aos meus dedos como executar esse instrumento.

Existem coisas que sabemos que não sabemos. São aquelas que temos consciência de que não conhecemos. Eu sei que não sei falar alemão, o que não é nenhuma surpresa para mim.

Existem coisas que não sabemos que sabemos. Trata-se do conhecimento inconsciente. Uma representação dele são as memórias adormecidas que temos da infância e que vêm à tona quando, por exemplo, ouvimos uma música ou vamos a um lugar específico.

Finalmente, existem coisas que não sabemos que não sabemos. São coisas sobre as quais jamais pensamos. Um exemplo é o de uma criança que não sabe que não entende o que é um átomo, porque essa ideia nunca passou pela cabeça dela.

Durante sua jornada profissional, o médico se depara com diagnósticos fáceis, difíceis e impossíveis.

De repente, aparece um paciente com uma história estranha. Seu exame físico não bate, os dados de laboratório não fazem sentido. Surgem longas e intermináveis discussões sobre esse doente, em que todos esperam por algum palpite salvador, visando apontar a direção do diagnóstico correto.

Apesar disso, dúvidas e mais dúvidas vão se acumulando. Diagnósticos difíceis, que se arrastam pelos cantos dos hospitais universitários, sempre amedrontam acadêmicos e médicos.

Uma curiosa classificação é a que compara doenças com alguns animais.

Os “cavalos” são as fáceis de diagnosticar. Representam doenças comuns, com apresentação típica. São bichos que estamos acostumados a ver todos os dias e reconhecemos, sem muita dificuldade.

Costumamos chamar as doenças raras de “zebras”, animais parecidos com cavalos. Mas, se só pensarmos em “cavalos”, nunca vamos detectar uma possível “zebra”.

“Macacos” são as doenças que imitam outras doenças, pois seus sinais e sintomas muitas vezes se sobrepõem aos de outras patologias, confundindo o diagnóstico. São os “cavalos” em pele de “zebra”.

“Camaleões” são as doenças que se apresentam de muitas formas diferentes, e que frequentemente determinam manifestações incompletas, atípicas, discretas ou que mudam, ao longo do tempo.

Poucas enfermidades apresentam quadro clínico tão completo como aquelas encontradas nos livros.

Portanto, não se deve excluir apressadamente a possibilidade de alguma patologia, apenas porque faltam sinais ou sintomas relevantes.

“Unicórnios” são as doenças desconhecidas. Médicos não sabem tudo. A ciência médica avançou muito nos últimos séculos; mas, mesmo assim, o conhecimento sobre as enfermidades ainda é parcial e incompleto.

É importante saber que os “unicórnios” existem para manter a humildade intelectual do médico, que não deve descartar a possibilidade de encontrar alguma doença estranha e rara, apenas porque nunca ouviu falar dela.

Para encontrar o possível, a sabedoria descarta o impossível.

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